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Olá

​Meu nome é Egizele Mariano da Silva, sou indígena, professora e atuo na coordenação Pedagógica;Esse é um site  direcionado ao professor, para pesquisa sobre a cultura indígena  e sobre a Reserva Indígena de Dourados-MS, 

Disponho materiais trabalhados em sala de aula com os alunos  da E.M.I Tengatuí Marangatu.

a finalidade deste site é compartilhar materiais de apoio pedagógico ao professor.

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Minha história

        Meu nome é Egizele Mariano da Silva, nasci no dia 30 de Abril de 1983, sou natural de Dourados, indígena da etnia Terena, moro na Reserva Indígena  na aldeia Jaguapiru; Sou filha de Clemencio Mariano da Silva e Atanazia da Silva, pais terena e avós paternos terena e avós maternos Terena e Guarani, tenho seis irmãos.      

Iniciei minha vida escolar na escolar Francisco Hibiapina, na qual estudei até o segundo ano, logo em 1992, passei a  estudar  na escola Municipal Indígena Tengatuí Marangatu- Polo no terceiro ano com a professora Terezinha e na  na quarta série,   com  o   professor  regente, o João Machado, logo  fui estudar na escola  Municipal Francisco Meireles, para concluir o Ensino fundamental;  Minha vida na infância não foi fácil, éramos  em cinco irmãs, e dois irmãos menores uma família grande,   naquele tempo garantíamos a sobrevivência com o cultivo de roças, meu pai plantava, milho, rama de mandioca, arroz, abóbora, batata doce, amendoim,  tínhamos que ir todos ajudar no trabalho na roça, para garantir a nossa alimentação, meu pai entregava muitas caixas de mandioca em uma mercearia na cidade, a vida não era fácil, tínhamos que capinar e ajudar a arrancar mandioca, encaixá-las, colher o arroz e socar no pilão para o almoço, isso me motivou a estudar, porque queria uma vida melhor; Apesar da dificuldade me esforcei para estudar, pois comprávamos roupa e calçados  novos uma vez ao ano,   me formei no 9º ano em 1998, e fui cursar o Ensino médio  na cidade de Dourados, na escola Presidente Vargas, porque  não havia o  ensino médio na Reserva, mas já usufruímos do  transporte escolar, que nos levava  até a escola; Comecei a trabalhar de doméstica para conseguir uns trocadinhos para o lanche e os xérox; Ao concluir o ensino médio, fiz vestibular e fui aprovada para o cursar  Letras,  iniciei  o curso na  faculdade da Unigran¹, no ano de 2002,  graças a parceria entre a universidade e a Funai, pois meus pais não tinham condições de pagar uma faculdade, nesse mesmo ano, comecei a trabalhar,  ministrando aulas de  reforço no Programa  Esporte Solidário², em uma pequena sala improvisada, logo me casei e[1]fui morar em Itaporã, continuei meus estudos, no ano de 2003, participei como supervisora do Projeto MOVA: Alfabetização de Jovens e Adultos,  no ano de 2004, recebi um grande presente de Deus, minha filha Isabely  Mariano Batista,  nesse mesmo ano, fui chamada para lecionar  na escola Tengatuí Marangatu,  minha filha tinha apenas três meses de vida, pensando em seu bem estar, aproveitei a  oportunidade de colocar em prática meus conhecimentos e adquirir experiência  como docente, minha primeira turma foi do 4º ano, uma turma bem legal, agitada e cheia de energia,  passei a  lecionar nesta escola,  em 2009 voltei a morar na reserva indígena, pois não me  habituei com a vida na cidade, construímos,  nossa casa no terreno que ganhei do meu pai, passando a morar ao lado  dos meus pais,  novamente na reserva, aldeia Jaguapiru, em 2005 me formei no curso de letras; Em 2008  assumi o concurso para atuar nos anos finais na disciplina de Língua Portuguesa,  e após dois anos em sala de aula, nos anos finais,  fui convidada para atuar na coordenação pedagógica no ano de 2010,  na escola Tengatuí, neste mesmo ano, fiz o curso de Pós Graduação fiz, Especialização em Educação, Gestão Escolar, Supervisão de Ensino, Orientação Educacional e Administração no ano de 2012.

No ano de  2012 concorri a eleição para diretores, na função de   diretora adjunta, na qual atuei   até 2015, concorri a   eleição em  outra chapa,   desta vez para direção, mas não fui eleita, porque os planos de Deus para minha vida eram outros, logo surgiu a oportunidade de  atuar  na escola Estadual  indígena Intercultural Guateka¹  Marçal de Souza, no entanto passei a  atuar na coordenação pedagógica, no ano de 2016,  permanecendo até  o ano de 2018, no período matutino na função de coordenadora Pedagógica,  continuei a atuar   na disciplina  de Língua Portuguesa  nos anos finais, no período vespertino na escola Tengatuí  Marangatu; Ao atuar na direção, vivenciei diferentes situações, acompanhando de perto a realidade de nossas crianças indígenas,  analisando as  problemáticas como: desnutrição, falta de uma alimentação adequada, falta de  orientação e acompanhamento dos pais,  juntamente com professores solidários, iniciamos um Projeto em 2014, denominado: Projeto Solidário Michimim[2]: Alimentando Sonhos, na qual , realizamos ações na comunidade, com oferecimento de sopão, marmitex, cesta básica, apoio as famílias, dias de lazer, festividades em datas comemorativas, um projeto em fase de desenvolvimento, com sonhos de ajudar nossos alunos indígenas, desta forma com o retorno, após a experiência na direção,  tinha em mente, muitos desafios a alcançar, desta forma  passei a participar da ação  dos Saberes Indígenas na escola, um programa do Ministério da Educação, vigente desde  novembro de  2013, uma  formação voltada exclusivamente para professores indígenas da etnia Guarani, Kaiowá e Terena, o objetivo da ação era a formação  continuada de  professores em letramento, numeramento e produção de material didático,  através de diálogos com professores  e o estudo  de pesquisas e   orientações sobre  o planejamento,   pois Segundo  consta na Revista Humanidades e Inovação,V.4 n3, 2017,depoimento do Doutor em Educação e pesquisador dos povos indígenas na região do Mato Grosso do Sul, professor da FAIND-UFGD:

 

[...]Os saberes são cantados, dançados, rezados, desenhados e, sobretudo, vividos cotidianamente, cada vez que uma espiga de milho branco, o milho sagrado, é batizada e uma batata é assada na fogueira. Os saberes tradicionais são anteriores ao cânone da ciência ocidental, resguardado pela escola, mas foram, no bojo da modernidade, controlados pela ciência que se assenta no binômio sujeito-objeto, opondo sociedade e ciência;

Desta forma passei a trabalhar com temáticas partindo da realidade do aluno e realidade local, percebi que sabia tão pouco, quanto os alunos, e motivada pela professora,   Edina Souza, na qual dizia que devemos conhecer a nossa história, saber das nossas origens para assim  valorizar os conhecimentos e saberes tradicionais, “ Nós é quem, devemos contar a nossa história, não o  não índio” comecei a realizar diversas leituras relacionadas ao processo histórico da Reserva indígena de Dourados, e quando mais eu lia, mais perplexa ficava, novos questionamentos surgiam me direcionando a novas leituras e pesquisas, isso me  oportunizou a  conversar com o meu pai e questioná-lo sobre a sua origem, e como passou a residir na Rid,  e após adquirir informações, fui para a prática em sala de aula, ao abordar o tema, percebi que os alunos não se motivaram em me ouvir, diziam que já sabiam sobre o assunto, mas quando fazia alguns questionamentos não sabiam responder, comecei a pensar em quais estratégias usar para aplicar tal conhecimento, e durante uma formação dos Saberes Indígena no mês de Julho/2017 na escola Agustinho, os orientadores nos passaram a tarefa de criar jogos, atividades nas quais pudessem envolver a etnomatemática, possibilitando a aprendizagem dos alunos, a partir desse momento comecei a criar estratégias, visando possibilitar o conhecimento sobre o Processo Histórico da Reserva Indígena, partindo do conhecimento prévio e realidade local,  por ser um conteúdo extenso e interdisciplinar, não motivavam os alunos, que  desconheciam o nome da própria  Reserva que residem, desta forma apresento  trabalhos,  resultado de pesquisas tanto em sala de aula, com os alunos,  familiares quanto com a comunidade e embasamentos teóricos relacionados a Reserva, escrevo poesias  ,poemas e textos que possibilitaram o conhecimento, além de proporcionar interação,  oportunizaram momentos de diálogos com os familiares, uma prática que tem sido rara, devido ao novos modos de vida adquiridos após a colonização, muitos dos saberes indígenas estão sendo resgatados e valorizados nas escolas indígenas; No ano de   2017 iniciei a confecção e produção de alguns materiais como cursista dos Saberes indígenas, nesse ano de 2018, fui convidada a participar como orientadora, um desafio na qual aceitei, além de buscar inovar com as práticas pedagógicas, passei a ter a função de orientar meus colegas a realizar o mesmo  trabalho, com ensino, partindo dos conhecimentos prévios dos alunos, e inserindo atividades práticas como pesquisas e aulas de campo, acredito que estamos no caminho certo, e a cada ano as atividades são aprimoradas, revisadas, visando aprendizagem de nossos alunos indígenas, hoje me sinto realizada, se estou aprendendo a cada dia mais sobre o processo Histórico da reserva onde moro, sobre a minha aldeia e sobre o meu povo indígena,  as produções textuais são resultados das temáticas abordadas em sala de aula, como desenvolvimento da aprendizagem  através de atividades realizada em sala de aula.

As produções textuais de minha autoria, foram desenvolvidas para motivação e para servir como embasamento aos alunos, pois dificilmente encontrava-se produções textuais voltadas para as temáticas indígenas, principalmente que vinham de encontro com a realidade vivenciada por eles, além de minhas produções fez-se uso de poemas de autores como: Elias José, Gonçalves Dias  e outros, nas quais os alunos fizeram possíveis adaptações a sua realidade;

Os temas retratam sobre o ser índio, antes, e o ser índio na atualidade, como viviam e como sobreviviam sem prejudicar o meio ambiente, proporcionando a reflexão de que era possível viver e usufruir sem causar danos, além do desenvolvimento da auto estima e valorização da sua identidade indígena, pois devido ao preconceito, fora da aldeia muitos não se identificavam como índio e quando se falavas nessas temáticas não se importavam desvalorizando a si próprio.

Em 2019 atuando em sala de aula com a disciplina de Cultura indígena, percebi  a escassez na produção de materiais para uso em sala de aula, voltados para a nossa realidade indígena, desta forma passei a organizar textos e atividades para uso dos professores, como também criei um site para postagem dos materiais, desde então busco conhecimentos e editar textos de apoio ao professor em sala de aula, de 2020 a 2022 estou atuando na coordenação pedagógica na escola Tengatuí, buscando cada dia aprimorar o meu trabalho colaborando com os professores na prática pedagógica.

 

[1] Unigran: Centro Universitário da Grande Dourados.

²Programa Esporte Solidário, um Programa desenvolvido pela Semed, com objetivo de oferecer interação, esporte e lazer as crianças, no caso das crianças da reserva o transporte escolar levava os alunos até um local na cidade para realizar as atividades, acompanhados por monitores indígenas;

¹Guateka: nome na língua Indígena Guarani na qual representa as três etnias: Guarani, Terena e Kaiowá;

²Michimim: Nome na língua  indígena Guarani que significa, pequeno.

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