As Tradições Familiares indígenas no decorrer dos anos.
- Egizele Mariano
- 25 de mar. de 2021
- 9 min de leitura
AS TRADIÇÕES FAMILIARES INDÍGENAS NO DECORRER DOS ANOS
Egizele Mariano da Silva
As tradições familiares, são marcos históricos fundamentais na cultura indígena, devido a influência de outras culturas, muitos povos indígenas deixaram de falar a sua língua materna, como também, muitos das tradições, estão ficando de lado, mas ainda há comunidades indígenas que lutam pela preservação dessas tradições, nas quais representam a cultura, etnia e a valorização da Língua Materna.
Antes da chegada dos portugueses em 1500, as tradições familiares eram passadas de pais para filhos, desde pequenos os meninos aprendiam com os pais a caçar, pescar, construir canoas, preparar armadilhas, etc... as meninas aprendiam com as mães a cultivar a terra, preparar o alimento e fazer artesanatos, quando cresciam já sabiam de seus afazeres e como iria contribuir com a sua comunidade, todos aprendiam a se comunicar na língua materna; O pajé era a pessoa mais velha, pessoa que tinha mais saber, por isso era admirado e respeitado pelo seu povo, tinha a função de orientar e instruir cada família; eram povos felizes, por isso viviam em harmonia, festejando, dançando e cantando, os pais contavam histórias aos filhos em volta de uma enorme fogueiras, eram histórias de vida, de preparação, para quando fossem enfrentar algum problema, estivessem preparados, o povo indígena era um provo recíproco a colheita os alimentos cultivados e caçados eram de todos, haviam muita fartura.
Com a chegada dos portugueses em 1500, modificou-se o modo de vida, ocorrendo várias transformações nas tradições familiares indígenas; pois, pensaram que os portugueses eram amigos, os receberam realizaram trocas, logo tornaram-se escravos, muitos fugiram, se espalhando pelo território Brasileiro, quando os portugueses chegaram não compreenderam a língua indígena, o Tupi Guarani, portanto, proibiram os indígenas de falar na sua língua materna, trazendo os jesuítas para ensinar a Língua Portuguesa, a partir desse momento a língua indígena, foi diminuindo, muitos pais não puderam ensinar os filhos como de costume, tiveram que trabalhar em usinas, em empresas, ou fazer diárias para garantir o sustento da família, não havendo mais tempo para ensinar os filhos sobre a cultura ou contar as histórias de vida, apesar dessas transformações, atualmente ainda há a luta pela revitalização da língua indígena, da identidade cultural como: danças, pintura, confecção de trajes típicos e grafismo relacionado a sua etnia; Na atualidade, muitas famílias desconhecem as próprias tradições, pois não são mais praticada como eram antes, pelos antepassados, hoje ocorrem a manifestação da cultura, somente em datas comemorativas e apresentações culturais, sendo novo para as crianças e adolescentes da atualidade, no entanto as escolas desenvolvem um papel importante de valorização da cultura das etnias existentes, oferecendo o ensino na Língua materna, abordando conteúdos voltados para a cultura indígena, para que o aluno compreenda a sua história suas origens e as tradições que eram praticadas, visando a valorização das tradições que raramente se fazem presente nos lares das famílias indígenas da atualidade, desta forma espera-se que as tradições fiquem marcadas nas memórias dos adolescentes, para que saibam como seus antepassados viveram.
texto:Egizele Mariano da Silva/2017
Palestras sobre as tradições familiares:
Tradições familiares da etnia Terena: De acordo com o Palestrante, Édio Felipe Valério indígena da etnia Terena, falante da língua materna, filho de Guilherme Felipe Valério, seus pais residem na Reserva Indígena Jaguapiru, conta que guarda os ensinamentos que aprendeu com seus pais e procura repassar aos seus filhos. Relatou que quando criança obedecia e respeitava os mais velhos, seus pais e avós contavam histórias sobre a sua cultura e fatos ocorridos, quando os adultos estavam conversando, crianças não ficavam por perto, isso significava respeito, não faltava alimento, tudo era aproveitado e dividido, as crianças aprendiam as tarefas desde de pequenas, como ajudar no trabalho, na roça e em casa, segundo Édio, todos tinham que acordar bem cedo e tomar banho para despertar, ao varrer, varria se desde a entrada do terreiro passando dentro de casa, para assim varrer os males que por ali passaram durante a noite, falou que a cultura que aprendeu é mantida até os dias atuais, através da Tradição Terena, um grupo de terena na qual ensinam os jovens, crianças, mulheres e homens a dançar a dança Terena, fazer os grafismo e pinturas corporal da etnia; Seu Gerson Valério irmão do professor Édio relatou que qualquer um pode fazer a pintura corporal, tanto do homem quanto da mulher, desde que saiba o significado, como também, podem dançar indígenas de outras etnias, desde que tenha vontade; Relataram sobre a importância de conhecer a sua cultura e não deixar de aprender e falar a língua materna indígena.
O palestrante Izaque João da etnia Kaiowá, relatou que devido a influências de outras culturas o povo indígena foi deixando de lado a sua cultura, para aprender a do branco, passou a vestir roupas e ouvir músicas do branco, por isso muito do povo indígena não canta mais os cantos indígenas e não dançam como antes seus avós faziam, mais afirmou que o povo Kaiowá são indígenas tradicionais, que preservam seriamente a sua tradição, desde as crianças aos mais velhos, relatou que aqui na reserva indígena, são poucas as famílias tradicionais, mais presencia em outras aldeias como Panambizinho a presença das tradições, fazem rituais, o canto da colheita, festa do milho, a chegada da adolescência de meninos e meninas, obedecendo a alimentação adequada nesse período, mencionou que a língua é sua identidade e por isso deve ser valorizada; Edina Souza,etnia Guarani, filha de Marçal de Souza,uma das primeiras professora indígena a atuar na Reserva Indígena de Dourados, realizou a palestra sobre a etnia Guarani, questionou os alunos se conheciam a história da reserva indígena, de onde os indígenas vieram, os alunos não souberam responder, portanto mostrou a localização no mapa do Brasil,mostrando que os indígenas Guarani e Kaiowá são povos legítimos do território Sul Mato Grossense, alguns vieram do Chaco região próxima ao Paraguai, passando a residir no território brasileiro, com a criação da Reserva Indígena de Dourados, o SPI trouxe os indígenas terena para viver aqui; relatou que quando chegou juntamente com seus pais a reserva era formada por muitas matas, não haviam estradas, apenas trieiros, não havia transporte, andavam a cavalo, como haviam poucos indígenas as casas eram longe umas das outras, os remédios eram naturais, encontrados nas matas, as mães ensinavam a finalidade dos mesmos, relatou que hoje o índio não quer mais cultivar ou ir procurar os remédios naturais, vai direto a farmácia, mencionou que os alunos indígenas devem ter os conhecimentos tradicionais, se não aprenderam com os pais, pesquisar, usar as tecnologias que existem hoje como fonte de informação, devem procurar saber sobre sua origem, costumes e principalmente falar a língua materna, pois quando estiver na faculdade não terão dificuldade de expressar ou falar da sua cultura e identidade, a pessoa pode não falar a sua língua materna, mas pode ter a curiosidade de conhecê-la, como também pode aprender sobre a cultura do outro, pois vivem juntos em uma mesma reserva a etnia: Terena, Guarani e Kaiowá, pode se viver, andar como o branco, mas nunca deixar de valorizar e representar a sua identidade cultural, relatou Edina Souza.
Relatório:Egizele Mariano da Silva, 2017, palestra realizada na escola Tengatuí Marangatu aos alunos do 6º ano do período vespertino como tema: Tradições Familiares indígenas, partindo dos estudos relcionados e através das palestras os alunos produziram seus textos.


foto:Egizele, palestrante Édio Felipe Valério e Gerson Felipe Valério,etnia Terena.

foto:Egizele, Palestrante,Edina Souza.etnia Guarani

foto:Egizele, palestrante: Izaque João.Etnia Kaiowá.
Produções textuais dos alunos:
A vida dos Povos Indígenas
Havia muitos indígenas no Brasil em 1500, viviam em grupos, se reuniam para contar histórias e juntos produziam artesanatos, utilizavam a lança para pescar e garantiam a sua alimentação, tinham uma organização própria, ensinavam as crianças desde pequenas, as mulheres cultivavam a terra e plantavam mandioca, batata, as crianças aprendiam tudo sobre a as tradições.
Quando chegaram os portugueses conversaram com nossos antepassados, diziam ser amigos e foram ficando nas terras indígenas, logo proibiram a língua indígena Tupi, tomaram as terras e ensinaram ao nosso povo a língua Portuguesa.
Aluna:8ºAno/2017
A Língua Portuguesa no Brasil e a Vida dos Povos Indígenas
Em 1500 nossos antepassados viviam bem nas suas terras, com suas famílias, tinham terra para plantar e morar; Mas os portugueses chegaram e se instalaram no Brasil, desta forma as tribos e parentes indígenas foram diminuindo pouco a pouco, ensinaram nosso povo a falar na Língua Portuguesa.
A partir de 1500 nossos parentes que viviam no território brasileiro, fugiram para outros lugares para não serem escravizados, assim acabou a vida de liberdade, que nosso povo indígena tinha.
Miclael R. Martins 7ºB/2017
A Língua Portuguesa no Brasil
Em 1500 os portugueses chegaram no Brasil e a língua Tupi Guarani, falada pelo nosso povo indígenas que aqui viviam foi desaparecendo aos poucos; Os jesuítas e os portugueses ensinaram o nosso povo a falar o português.
Em 1757 os portugueses proibiram o nossos antepassados de falar a língua Tupi no Brasil, e a língua Portuguesa passou a ser a Língua Oficial no Brasil.
Em 1759 os jesuítas foram expulsos do Brasil, porque defendiam o uso da língua indígena, pois temiam que ela desaparecesse, mas a língua Portuguesa tornou-se definitivamente a língua Oficial do Brasil, passando algum tempo os nossos povos foram escravizados, foram obrigados a cortar árvores para que os portugueses construíssem suas casas, usinas estradas e cidades.
Jhonatan 7ºb/2017
Tradições Familiares:
Antigamente a tradição do nosso povo era de ensinar os filhos a ter respeito, caçar, fazer artesanatos e tecidos de algodão; Hoje as tradições do nosso povo indígena é diferente, os pais ensinam as crianças a ir a escola, a respeitar e ser educado e ser alguém na vida, os filhos aprendem a costurar na máquina, as meninas aprender a se maquiar para ficar bonita, a se vestir bem, hoje temos hospitais, salão de beleza, curso de modelo, há muitas coisas para nós indígenas.
Helana 7ºC/2017
As Tradições Familiares
Nos dias atuais as tradições são realizadas em datas comemorativas, como no nosso dia: o dia do índio, neste dia comemora-se a cultura a dança e comidas tradicionais.
Há muito tempo atrás nossos antepassados eram sorridentes e alegres, não tinham problemas e nem passavam por dificuldades, pois havia matas grandes, muitos animais, e muitos frutos nas árvores para comer, cultivavam mandioca, milho, batata doce, não havia necessidade de trabalhar para sustentar as famílias.
Depois que os portugueses chegaram, tudo mudou, agora nossos pais trabalham para nos sustentar, por isso a cultura ficou de lado, passamos a usar roupas, fazer o que os brancos fazem nos esquecendo da nossa própria cultura.
Aluna 7ºC/2017
Tradições familiares
A nossa cultura está presente em nossa vida em todos os momentos; crescemos com ela, mas, nascemos no meio dos brancos, por isso falamos duas línguas, a língua materna e o português, quando uma criança indígena nasce os pais devem ensinar a falar a sua língua materna, seja ela guarani, kaiowá ou terena, os pais devem ensinar sobre a sua cultura, para crescer sabendo de todas as coisas de seu povo e sua história, as crianças aprendem muito rápido, mas as que os pais não ensinam, nada saberão.
Cleiton 7ºC/2017
Tradições familiares
Quando viviam só os nossos antepassados, eles não se preocupavam em trabalhar para conseguir seu sustento, pois tinham de tudo na mata, vivam da caça e da pesca, cultivavam pequenas plantações, se ficasse alguém doente o pajé estava lá, era o mais velho do povo indígena, portanto era respeitado, sabia mais e ensinavam o remédio que era bom para curar seu povo, ensinava e dava conselhos, pois tinha conhecimentos, cada um tinha o seu dever de ensinar os filhos como: caçar pescar e a cultivar, quando as crianças cresciam já sabiam o seu dever na comunidade.
Antes os pais tinham tempos para passar os ensinamentos aos seus filhos, pois a tradição era essa, e falavam somente a língua indígena, a vida era boa e todos viviam em união um com o outro, não havia violência entre eles, eram povos que tinham tudo e por isso eram felizes; quando chegaram os brancos com uma língua e costumes diferente prejudicou a vida do nosso povo, a partir desse momento tudo mudou e tudo ficou mais difícil e está assim até hoje, em nossa aldeia, temos uma vida completamente diferente de antes, vivida pelos nossos antepassados.
Geisieli 7ºC/2017
Tradições Familiares
Antigamente os nossos antepassados viviam livres, o povo indígena não conhecia a preocupação, nem a tristeza, a fome, não tinham doenças, não precisavam realizar trabalhos pesados, porque tudo que precisavam havia na mata, moravam próximo ao outro, dançavam, se pintavam, contavam histórias, preparavamm seus alimentos.
Agora tudo mudou, os portugueses chegaram, e trouxeram fome, doenças, trabalho, agora os nossos pais precisam trabalhar para comprar peixe, e não tem tempo de ficar com os filhos para ensinar sobre a sua cultura.
Claudionor7ºC/2017
Orgulho da minha Cultura
Eu e minha família moramos em uma casa de material, nós nunca falamos mal da nossa cultura, nós preservamos a nossa cultura, minha avó sempre nos fala, para não termos vergonha da nossa cultura, sempre vejo minha avó pintando o corpo da minha sobrinha para dançar no nosso dia, o dia do índio, neste dia ela dança e desfila; Minha avó sempre fala para todas as pessoas de que não devem se envergonhar da sua cultura e fala para nós, quando algum branco nos perguntar qual é a nossa etnia temos que dizer com muito orgulho, é Kaiowá.
De acordo com os relatos de minha avó antigamente as pessoas sabiam cantar, faziam festas e chamavam toda a comunidade para festejar juntos, principalmente no dia do índio, e agora não tem mais essas coisas.
Ariane Cabreira 8ºB/2017
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