RENATO DE SOUZA CAPITÃO INTERINO DA ALDEIA JAGUAPIRU
Ramão Machado nomeou Renato de Souza, filho de Nenito Guarani Ñhandewa, como capitão interino, com atuação de um ano, em substituição ao capitão interino Ailton de Oliveira, tendo como vice-capitão: Gervásio Polidório, Lucas Paiva Flores: Presidente do Conselho, vice: Eneás Gerônimo, 1° secretário: Wilson Matos, 2º secretário: Gilberto de Souza. Como capitão da Aldeia Jaguapiru, ao assumir afirmou que defenderia em sua administração a paz e uma reserva só para indígenas, pois segundo ele os não indígenas ocupavam a terra da reserva, por um valor insatisfatório, desta forma ao encerrar o contrato teriam que sair, pois mesmo realizando o pagamento o recurso não aparecia, e quando indígenas estavam com dinheiro corriam risco de vida, pois alguns apareciam mortos ou ficavam sem dinheiro, aceitou o convite para a capitania, porque dizia: “quero paz para o meu povo, chega de conflitos” mesmo assim, foi acusado de agredir juntamente com seu secretário, duas mulheres indígenas, desta forma alguns líderes solicitaram o seu afastamento do cargo de capitão interino, exigindo um esclarecimento.
Renato enviou um requerimento ás autoridades competentes do município solicitando a instalação de uma subdelegacia de Polícia Civil ou um destacamento de polícia Militar para a Reserva Indígena de Dourados, sua intenção era de que a área policial ficasse com um setor competente, para desenvolver um melhor trabalho na Reserva, facilitando também a busca de recursos em prol da população indígena, que se aproximava a 9mil indígenas nas duas aldeias: Jaguapiru e Bororó; Visando reforçar seus objetivos, Renato e capitães de outras aldeias se organizaram e foram a Brasília em busca de recursos, pois os indígenas no estado estavam passando por sérias dificuldades, principalmente nas áreas da agricultura e saúde, o principal problema que seria discutido seria a demarcação de terras, em Dourados havia alguns arrendamentos, invasões de fazendeiros vizinhos, cada família indígena teria apenas 300 metros quadrado de terra, a reserva estava com 60 hectares a menos, os proprietários rurais, vizinhos da aldeia avançavam com suas lavouras as terras indígenas, com relação a saúde, por não haver comunicação entre a sede do município, muitos doentes morriam sem atendimento, exigiriam apoio ao fornecimento de sementes e máquinas para que pudessem trabalhar em suas terras, acreditava que, buscando esse apoio os indígenas teriam condições de produzir mais e ter um melhor retorno financeiro para custear pelo menos a alimentação, para dar continuidade ao seu trabalho Renato, se candidatou, concorrendo a eleição para capitão interino da aldeia Jaguapiru, que aconteceria em 29 de agosto de 1993, para isso, afastou- se da capitania, deixando Celso Mamede, como seu substituto interino, no entanto não foi eleito nesse ano, mesmo assim, não desistiu da capitania, concorrendo novamente, com a chapa azul, sendo eleito dia 23 de dezembro de 2005, com 161 votos, compareceram mais de 500 indígenas na escola Tengatuí onde estava instaladas as urnas de votação, Renato cumpriu seu mandato e ações em prol da aldeia Jaguapiru, falecendo no dia 04 de janeiro de 2020, aos 68 anos, devido a complicações renais.
Fonte; Coleção de recortes de jornal, sobre a política indigenista/coleção, CIMI-MS, Jornal O Progresso/1992/1993,/2005, texto:Egizele Mariano da Silva/Janeiro/2022.
Renato de Souza
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