DANÇA INDÍGENA TERENA MASCULINA KOHIXOTI-KIPÁE
A Dança está presente nas festividades da etnia terena, tanto homens quanto mulheres possuem suas danças tradicionais simbólicas, antes usadas em vários manifestações culturais, religiosas, de luto, guerra ou em comemorações,
Apresenta-se a versão da dança masculina representada na Reserva Indígena de Dourados aldeia Jaguapiru, na atualidade as danças são coordenadas pelo grupo de Tradição Terena da Aldeia Jaguapiru, na qual tem ensinado as crianças terena, desde pequenas a dança, visando a valorização da cultura local, apresentada a toda a comunidade no dia do índio e em eventos comemorativos, além de apresentações em unidades escolares dentro e fora da aldeia.
A DANÇA TERENA RECEBE VÁRIOS NOMES:
· Dança da Ema: KOHIXOTI-KIPÁE
· Bate-Pau
· Dança da guerra.
· Na aldeia de Dourados a dança masculina terena é mais conhecida como Bate-Pau.
SIMBOLOGIA DA DANÇA:
· Comemoração contra a guerra do Paraguai
· Representação do sonho de um cacique.
· Representação dos costumes tradicionais da nossa reserva cujo foco é demonstrar uma batalha entre duas tribos que procuram conquistar territórios com imensas matas e rios: terras fartas em alimentos, caças, pesca, frutos e cereais suficientes para o consumo e sobrevivência de toda a tribo.
COMPOSIÇÃO DA DANÇA:
A Dança Terena e composta por sete peças originarias da região do pantanal.
A representação da dança do povo Terena da região de Dourados é composta por nove peças, que retratam e contam a história de um combate entre duas tribos que disputam um espaço territorial no decorrer das nove peças.
INSTRUMENTOS:
Os instrumentos usados na composição das peças são:
· Tambor
· Flauta,
· Taquaras,
· Arcos e flechas.
ADORNOS:
· Cocares
· Brincos
· Colares
· Pulseiras
Os cocares e os brincos, e braceletes, são produzidos com penas de animais silvestres,
Os colares e brincos, e pulseiras com sementes, cipós, ou de partes sólidas de animais pequenos: como os ossos e os dentes.
AS VESTIMENTAS
Os trajes são produzidos com penas de emas, preservando a originalidade da vestimenta dos nossos antepassados; Em algumas regiões usam palhas de palmeiras para produzir seus trajes.
REPRESENTAÇÃO DAS NOVE PEÇAS DA DANÇA TERENA MASCULINA:
PRIMEIRA PEÇA TUIUIÚ: PROCURANDO O INIMIGO: PASSOS DO TUIUIÚ
Esta peça é chamada na língua Terena de KOHO, é a parte onde a dança começa com passos simultâneos, imitando o andar do tuiuiú.
Os guerreiros seguem o som da batida do tamborim. Essa parte descreve a chegada no local do confronto com a tribo inimiga.
Os passos lentos, simulam atenção e cuidado por estarem em território do inimigo.
Quando os dançadores estão prontos, o cacique grita para começar a dança.
Assim prossegue a simulação da primeira peça.
O grito simboliza o chamado do cacique Terena para o início do combate Todos os guerreiros se posicionam, ficam em silêncio, sem se mexer, e muito atentos para próxima orientação do cacique.
O tocador do tamborim começa a tocar, eles dançam devagar acompanhando o ritmo, todos ficam com a cabeça abaixada, andam lentamente, passo a passo de acordo com as batidas do tamborim, como se imitassem os passos de um Tuiuiú.
Prosseguem os passos até chegar à frente dos tocadores, param atuam como se descansassem um pouco, buscando forças para continuarem firmes no combate. O tambor é um instrumento essencial nessa peça, era exigido pelo cacique, usado como um efeito psicológico para manter os guerreiros atentos e acordados durante a batalha. O som das batidas do tambor, que iniciam a dança acompanham a numeração do povo Terena, cada som é contados mentalmente em grupos de três batidas: póhuti,pi’âti, mopo’âti , ritmadas seguidas dos passos dos dançadores.
Assim encerrando a atuação da primeira peça.
SEGUNDA PEÇA: TREINANDO PARA A GUERRA
Nessa representação o cacique novamente grita para os guerreiros, começar a segunda peça, os dançadores formam duas filas centralizadas de acordo com o espaço, e o tamborim é tocado em um ritmo pausado diferente do som da primeira peça. Então o tocador da flauta, passa a fazer parte da peça e acompanha o ritmo, iniciam as batidas das taquaras.
Após as batidas das taquaras o ritmo passa a ser mais animado, os passos rápidos. Os tocadores de tamborim e da flauta vão à frente dos dançadores que acompanham o ritmo do tamborim e da flauta sempre dançando e batendo suas taquaras no ritmo dos instrumentos.
Esta peça é a representação do treinamento de ataque dos os guerreiros Terena para matar os seus inimigos.
No passado antes de ir para guerra, os guerreiros Terena pegavam uma sucuri para esticá-la. Acreditavam que ao fazer isto,a força do animal passava para eles tornando- os fortes e valentes.
Alguns guerreiros procuravam, segurar com muita força a cabeça da sucuri e outros seguravam o seu o rabo até esticá-la completamente.
Também havia o pajé que fazia sua pajelança a favor dos guerreiros, naquela época a flauta representavauma ligação de contato com os guerreiros. O pajé tocava a flauta na sua casa para transmitir uma energia para os guerreiros que estavam no combate.
TERCEIRA PEÇA: AFUGENTANDO O INIMIGO: AS TAQUARAS
Nesta peça os dançadores pegam as taquaras pelo meio, batem a ponta no chão, em seguida batem na taquara do parceiro. As taquaras emiti um som que acompanha o ritmo da flauta e do tamborim.
Esta peça representa a afugentação do inimigo. E o uso das taquaras simboliza a borduna, um instrumento usado para abater animal de pequeno e médio porte. Além de representar uma arma para usar no combate de contato físico. Os guerreiros cruzam as taquaras e começam a bater uma na outra simbolizando a vitória x a derrota.
QUARTA PEÇA: O COMBATE: O USO DO ARCO E FLECHA
Quando a luta ficava intensa os guerreiros passavam a usar as flechas para alcançar os alvos de longa distância. As flechas possuíam venenos para imobilizar o adversário.
Nesta peça os guerreiros passam a utilizar o arco e a flecha que simboliza o combate entre os inimigos.
No ritmo da dança formam-se duas fileiras no qual cada guerreiro com seu arco e flecha passa a atirar para fora e para o alto a sua flecha e para dentro são atiradas para baixo. Sempre simulando o combate entre os inimigos, e nenhum inimigo conseguia escapar.
QUINTA PEÇA: VOLTANDO DA GUERRA
Os dançadores prosseguem dançando com muito entusiasmo e animo, batem suas taquaras para dentro e para fora da roda representando a volta da guerra. Então batem na taquara do parceiro primeiro pelo meio, depois nas duas pontas simultaneamente. Repetem esses movimentos até o termino da peça.
SEXTA PEÇA: A VOLTA DA GUERRA: ESTÃO MATANDO ANIMAIS DO MATO
Nesta peça os dançadores de uma das fileiras viram de costa para seus parceiros levantando para cima suas taquaras, o outro guerreiro bate na taquara do outro. Direcionando a sequência das batidas uma após a outra. E assim os guerreiros prosseguem a dança batendo nas taquaras até o último da fila.
Após baterem na ponta da taquara do seu parceiro, os dançadores vão passando por baixo das taquaras de todos os outros, e saem do outro lado. Esta peça simboliza a volta dos guerreiros, quando eles estão na mata, passando por baixo dos cipós no meio do matagal. Eles traziam consigo os animais do mato que eles caçaram: onça, cateto, queixada e aracuã, para alimentar suas famílias.
Naquele tempo o mato era rico em animais e as florestas eram imensas.
SÉTIMA PEÇA: A FESTA DA VÍTÓRIA
Essa peça representa o auge do combate, quando a outra tribo é rendida entregam- se.
No final da dança quando os guerreiros erguem suas taquaras e começam bater, representa o momento em que as tribos se ajuntam e reúnem para comemorar a vitória. Eles encaixam as taquaras formando um círculo, erguem o cacique da tribo vencedora.
Na sétima peça termina a dança, este é o momento do cacique entrar na dança. Eles encaixam as taquaras formando um círculo, erguem o cacique da tribo vencedora. Enquanto os dançadores fazem a plataforma o cacique vai dançando, dando voltas balançado sua taquara com uma das mãos. Após completar sua volta, sempre no ritmo da dança sobe nas taquaras e fica em pé. Os dançadores o erguem o mais alto que puder e dançam girando, em seguida os tocadores param de tocar é o auge da dança o momento mais importante, onde o cacique da um grito de vitória quatro vezes:
HOnoyo! Honoyo! Honoyo! Honoyo!
Honoyo : palavra exclusiva da dança Terena Masculina usada para descrever o significado de vitória na língua Terena .
O cacique direciona o seu grito para as quatro direções: o primeiro grito é na direção norte , o segundo grito e na direção oeste, terceiro para o Sul, e o último para Leste.
Logo após os gritos os dançadores abaixam a plataforma feita de taquaras, para o cacique descer. E seguem tocando e dançando andando e direcionando os até o lugar onde iniciou -se a dança . Assim termina as peças da dança.
FINALIZAÇÃO DA DANÇA.
Para comemorar a vitória as mulheres das tribo e dos guerreiros recebiam dançando a Siputerena e serviam alimentos das colheitas nas vasilhas chamada de tutú maxo. Serviam suas refeições típicas, comiam carne assada de animais da mata :veado tatu onça jacaré ,incluíam também o mel de abelha.
Atualmente essa dança é praticada nos momentos festivos como atração, antigamente era usada como lazer e em forma de brincadeiras. E as crianças apreciavam a dança.
imagem retrata apresentação de uns dos primeiros grupo de dança terena, da reserva indígena de Dourados,
Pesquisa relizada pela professora Emislene Silva Mariano, etnia terena. 2018.
Entrevistados: Gerson Valério/terena e Nelson Francisco/terena
Organização do material: Egizele Mariano da Silva/2021
fotos, arquivo pessoal e Internet.:facebook, Edio F.Valério, Danielle Dresch Hardt/2017
留言