ESCOLA M.I TENGATUÍ MARANGATU-POLO
ESTUDO INTERDISCIPLINAR SOBRE O MILHO
Professora: Joselaine Machado Turma:3B/3D
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho foi desenvolvido na E.M.I.Tengatuí Marangatu-Polo pela professora Joselaine Machado, na turma do 3ºB e 3D, através da Ação Saberes Indígena na Escola, ano de 2023.
Abordando o tema Alimentação Saudável, a professora desenvolveu o tema de forma interdisciplinar, trabalhando com o sub tema: Milho, considerando que o Milho é alimento presente na alimentação dos povos indígenas e possuí lendas que devem ser trabalhadas a fim de valorizar a cultura indígena, muitos alunos desconhecem as lendas que antes eram constantemente contadas nas rodas familiar, no entanto as crenças e rituais são realizadas somente em algumas famílias indígenas, Guarani e Kaiowá, que visam manter as tradições culturais.
A professora abordou sobre as tradições praticadas na cultura Guarani Kaiowá, como o Avatikiry (a festa do Milho), realizada na aldeia Panambizinho e na Reserva Indígena de Dourados, destacando também o consumo dos alimentos nas famílias Kaiowá, como também a forma correta de preparo de cada alimento, além do estudo dos alimentos derivados do milho.
Os Textos anexados, aqui, foram texto base para apresentação dos conteúdos em sala de aula, sendo aplicados aos alunos em sala de aula de forma expositiva, através da oralidade, de acordo com o nível da turma, após os alunos desenvolveram atividades relacionadas, explorando a escrita e criatividade.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM SALA:
Leitura da lenda do Milho: A professora realizou a leitura da Lenda do Milho, contando a História, apresentando as imagens aos alunos, relatando que o milho é um alimento sagrado para o povo Indígena da etnia Guarani.
Os Textos anexados, aqui, foram texto base para apresentação dos conteúdos em sala de aula, sendo aplicados aos alunos em sala de aula de forma expositiva, através da oralidade, de acordo com o nível da turma, após os alunos desenvolveram atividades relacionadas, explorando a escrita e criatividade.
A LENDA: AUITI
Houve um tempo em que os índígenas se alimentavam da caça de animais como: antas, veados, capivaras e onças, pescavam nos rios e lagos e colhiam frutos silvestres, quando os animais ficavam escassos na florestas e os peixes desapareciam dos rios e não havia frutos suficientes para todos, a tribo saia em busca de outro lugar com fartura de alimentos.
A tribo do índio Auiti, estava a procura de um novo lugar, pois os alimentos haviam acabados, Auiti, já velho cansado decidiu não acompanhar a tribo, pois não teria forças, ordenou a tribo que seguisse a caminhada sem ele, que Tupã teria pena dele e o ajudaria com o seu sustento.
Após uma conversa, a tribo seguiu sem Auiti, mas sua neta Maiara, comovida, não quis deixa lo, disse que juntos conseguiriam sobreviver, assim todos os dias a sua neta saia para a floresta em busca do pouco alimento que restara, todos os dia fazia longas caminhadas, quando cansava, descansava, dormia e sonhava que estava brotando bem perto da sua oca, milhares de plantas que davam frutos saborosos.
Certo dia um jovem passou pela aldeia abandonada, ao ver o velho perguntou o que acontecera, Auiti lhe explicou e disse que estava orgulhosos de sua neta, mais triste por ela ter ficado para cuida lo, pois poderia estar junto a tribo, o jovem era um enviado de Tupã, ordenou a Auiti que no dia seguinte ele deveria ir em busca do alimento enquanto sua neta ficaria na oca fazendo Igaçabas(tigelas de barros), e só deveria voltar quando encontrasse o que estava procurando, depois disso o jovem desapareceu entre as árvores.
No dia seguinte Auiti seguiu para a mata, sentia dores no corpo e muita fome, mais não se importava, queria dar uma vida feliz a sua neta, depois de andar muito, ficou fraco, caiu e desmaiou, do alto de uma palmeira um lindo tucano observava tudo, os pássaros pegaram Auiti e levaram até o céu, lá fortaleceram o velho e o levaram de volta para sua aldeia, ao acordar Auiti mostrou a neta as sementes douradas que trouxera dos céus, seguindo as orientações dos tucanos plantaram as sementes e tudo ocorreu como uma mágica, logo brotaram pés de milho, de seus grãos fizeram cremes, sopas, farinhas, pratos doces temperados com mel e ervas, a cada dia se deliciava, com alimentos preparados a partir do milho, Auiti pediu aos tucanos que avisassem a tribo que o alimento havia voltado para a aldeia, quando a tribo retornou, se encantaram ao ver a roça de milho cheia de espigas douradas prontas para serem colhidas, assim viram que não agiram certo deixando Auiti, pediram desculpas e disseram jamais abandonar as pessoas velhas da tribo, prometeram respeitar, honrando as palavras de sabedoria, desta formas passaram a cultivar o milho e não precisaram abandonar suas terras por falta de alimento.
Texto adaptado de lendas indígenas, Sandra Aymone, Adaptação do material:Egizele Mariano da Silva/2021
Ilustrando a Lenda do Milho
CONSUMO DOS ALIMENTOS NA CONCEPÇÃO DO KAIOWÁ:
Os derivados do milho e da mandioca, como hu’i (fubá grosso), hu’I tine (fubá de milho mais mandioca amolecida na água), xipa, tapopĩ (farinha de mandioca), pirekái (mandioca assada), mandi’o mimõi (mandioca cozida), entre outros, levados para a pescaria ou caçada, devem ser consumidos completamente durante o período destas atividades. Caso restar algum tipo de alimento, não é permitido trazer de volta para casa, pois, na concepção kaiowá, esse se torna contaminado pelos espíritos antissociais, não tendo mais condições de ser consumido, sendo assim, a sobra deve ser jogada fora antes de voltar para a aldeia.
Batata-doce, banana e abóbora, mesmo após o jehovasa, os alimentos possuem a maneira certa de consumo: a batata só pode ser assada ou cozida na água, pois, se consumida de outra forma, aquela que ainda não foi colhida apodrecerá gradativamente na terra.
A banana é outra espécie de alimento que não pode faltar na residência do xamã. O seu consumo de maneira adequada alimenta o corpo físico e a alma. O consumo da banana assada, só é permitido para pessoas de ambos os sexos que reproduzem mais.
A banana assada ou cozida, consumida por jovens em idade reprodutiva, na mulher provoca ressecamento do leite materno e no homem provoca o nascimento de filhos em situação desnutrida, colocando a criança em risco extremo.
Os alimentos derivados de milho podem ser consumidos em todas as idades, mas o milho tiguéra ou avati are (aquele que nasce depois da colheita) não pode ser consumido pelas pessoas jovens de ambos os sexos, devido ao extremo risco para a reprodução humana, pois podem gerar filhos que não sobrevivem (ta’ýre ndahekói). Portanto, este milho só pode ser consumido pelas pessoas de terceira idade.
JOÃO, Izaque. Jerosy Puku. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, número 06, página 15 - 17, 2013.
Izaque João,Professor Kaiowá da Escola Indígena Joãozinho Carapé Fernando, na aldeia Panambi, Mato Grosso do Sul.
Organização do material, Egizele Mariano da Silva/2021
ATIVIDADE DE COLAGEM: ALUNOS SE INTERAGEM NA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES:
Informações repassadas aos alunos:
AVATIKIRY NA COMUNIDADE KAIOWÁ:
Em cada comunidade só pode ocorrer uma festa do milho por ano, a reza só pode ser feita uma vez, segue a descrição dos procedimentos da festa, ocorrida no mês de fevereiro no ano de 1990 e 1991 na aldeia Panambizinho:
O convite para festa do Milho é realizado pelo dono da bebida do milho servido na festa, o mesmo providencia os mantimentos e demais bens materiais para hospedar e alimentar as visitas, o rezador fica responsável pela longa reza, jerosy puku, e pelo batismo do milho, a festa ocorre na casa grande,(ogusu), onde mora o rezador e sua esposa, nesses dias a casa se transforma na catedral do milho.
A festa dura três dias, mas os preparativos começam no tempo do plantio do milho e vai até a colheita em torno de 4 meses, umas das primeiras tarefas é convidar as comunidades vizinhas, o convite deve ser feito pessoalmente pelo dono da festa, participam da festa a comunidade local, famílias amigas de aldeias vizinhas, na atualidade o convite da festa é estendido as autoridades locais e universidades;
O milho não deve ser plantado de qualquer maneira, deve ser plantado em outubro, depois da primeira chuva, após a lua cheia, em cada cova deve ser colocado três grãos grandes, ou até cinco pequenos, antes do plantio as mulheres devem cantar para esfriar a terra, o cuidado e colheita são tarefas importantes realizadas pelas mulheres dentre os 120 dias, enquanto o milho cresce as mulheres, vão de vez em quando para roça, rezar a reza do cuidado para manter a planta fora do alcance de doenças e tristezas e na época de floração rezam para dar alegria, e garantir a reprodução e a formação das espigas.
Etapas que ocorrem durante o período da colheita:
· colhem o milho e leva ao rezador, que o abençoa,
· enquanto o rezador profere a benção as mulheres cantam confirmando as palavras do líder espiritual, elas cantam diante das espigas de milho postas em fileira frente ao altar: mba’e marãngatu, na casa de reza,
· preparam os petrechos do ritual no início da semana da festa;
· cortam os bastõezinhos de cedro de um metro e meio de altura com ele é preparado o caminho de reza que divide ao meio, de leste a oeste o espaço do ritual que se abre em frente a casa de reza o caminho deve estar pronto;
· na véspera da festa os bastões são pintados com urucum, pois eles agradam o broto de milho;
· os homens limpam as mbaraka, as cruzes,
· as mulheres cuidam das roupas brancas de algodão cru, de seus esposos, irmãos e filhos, cuidam também dos enfeites da cabeça da cinta do peito, dos punhos e dos tornozelos.
· As mulheres preparam a bebida do milho,
· na terça-feira de madrugada, elas vão ao milharal cantando em kaiowá para animar o milho primordial.
· Elas cantam o tempo da madurez do milho entoado nas colheitas anteriores,
· cortam a espigas de milho e levam até a casa do rezador que os abençoa
· os grãos de milho são cortados das espigas e postos para ferver, durante o cozimento as mulheres mechem a panela com uma espátula, quando os grãos já estão no ponto são esfriados;
· no passado eram mastigados por algumas mulheres coados e colocados para repousar em coxos e tambores cobertos com panos ou com folhas de bananeiras a saliva deixava bebida doce, por constrangimento deixaram esse costumes e passaram a adoçar com açúcar
· as mulheres ficam em silêncio diante dos barris e cochos de chicha,
· a batata e mandioca são trazidas da roça para casa,
· compra se arroz óleo, tempero para galinhada que será servida no sábado de manhã ,
· panelas grandes são organizadas, não pode faltar erva-mate para o chimarrão,
· improvisam barracas atrás da casa de reza;
A festa acontece três dias, ou seja três noites, iniciando na sexta- feira ocorrendo a ação sagrada, no sábado e domingo ocorre o social e lúdico tomando conta do espaço.
Atividade de Matemática
CULTIVO DO MILHO:
Os alunos aprenderam sobre a etapa do cultivo do milho, como era o cultivo antes, como é hoje e os cuidados necessários até a colheita e como o produto chega até a nossa mesa.
ATIVIDADE:
Na disciplina de Língua Portuguesa, os alunos aprenderam a fazer acrósticos com apalavra milho:
Milho é bom para comer cozido
Isto é misturado com
Leite na
Hora de misturar a farinha e
Ovo para fazer um bolo.
Milho com manteiga
frIto e misturados com
Leite
Hora de misturar
Ovo e fazer bolo.
Yasmim 3ºD
M ilho é muito bom.
FrIto com carne e mandioca
MiLho com arroz e mandioca
Hoje, todo dia é muito
BOm, com carne ou macarrão.
Mikaely
Degustação dos alimentos derivados do MILHO e alimentos típicos:
E.M.I.Tengatuí Marangatu-Polo
Professora Joselaine Machado, turma do 3º B/D
Orientadora da Ação Saberes Indígenas na Escola/2023: Egizele Mariano da Silva
Postagem e edição: Egizele Mariano da Silva.
Fotos: Joselaine Ilustrações: Alunos 3ºB/D
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