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Manoel de Souza Relatos de Vida

RELATOS DE VIDA: MANOEL DE SOUZA

Manoel de Souza, indígena da etnia Guarani, nasceu em 1943, residente na Reserva Indígena de Dourados, aldeia Jaguapiru, da qual nunca saiu, frisou que poucas pessoas são nascido na aldeia como ele, é conhecido na comunidade como Chapalé, um apelido que ganhou desde pequeno quando jogava bola com seus amigos, seu pai Olavo Souza chegou na Reserva com sua família, se acamparam próximo a Missão Caiuá, como a reserva era grande foram se espalhando, procurando um lugar para residirem e viver com sua família, ajudaram abrir a picada da estrada que vai da Missão até a Aldeia Bororo, seu pai, ajudou também a fazer a estrada que corta Dourados/ Itaporã, roçando e cortando as árvores com machado, pois não haviam maquinas;

Segundo ele o primeiro morador da reserva era chamado de Taliano, eram um casal de índios Kaiowá, moravam próximo onde é o NAM da Jaguapiru, quando os conheceu ainda era guri, relata que os indígenas não foram invadindo a reserva, mas foram se espalhando, próximo onde é a Igreja Betel morava um cacique Ñhanderu, curava as pessoas doentes que chegavam ali, não cobrava nada fazia isso por amor ao próximo, antes de chegar na escola Ramão Martins, morava outro casal, o homem era chamado de Cânsio, próximo a rotatória morava o senhor Manoelito gostava de fazer festas com danças, cantos e chicha para toda a comunidade, próximo a escola Hibiapina morava um Senhor chamado de João Fernandes, foi capitão, comandava a reserva, como estava aumentando a comunidade, dividiu a capitania com o senhor Ireno Isnarde que morava no fundo da aldeia, sua família era extensa, na qual residem até hoje lá.

Havia uma escola onde hoje é o campo do Raul, a sala de aula era dentro de uma oca, todas as crianças da aldeia estudavam ali, a primeira professora a dar aula lá foi a professora Maria Luiza em 1957, ela morava na Missão, depois construíram uma sala de tabua, segundo ele, quando viram que a aldeia era para os índios, começaram a vir mais indígenas, naquela época a reserva não era dividida, onde o índio achava melhor morar, construía a sua casa, recorda que com oito anos contemplou a bela natureza que havia aqui, a mata era virgem, a reserva era linda, cheia de mato, as matas e árvores frutíferas eram nativas, lembra de uma fruta que colheu muito na mata quando criança, subia nos galhos, era parecida com a Jabuticaba, chamada de Guayporanty, agora não há mais, havia muitos bichos como macaco, quati, ouvia os macacos assoviando e muitos pássaros cantando, como a Araponga, um pássaro branco, de longe ouvia os batidos de suas assas, sumiram logo que os indígenas começaram a entrar e derrubar as matas para fazer lavoura, tudo isso ficou só na saudade, agora não há nem mesmo varas de bambu.

As casas eram de sapé, amarradas com cipó, ficavam firmes não tinham preocupações com temporais, não tinham o medo que tem hoje com as casas de Eternit, que quebra fácil e o vento leva tudo, o índio começou a seguir os costumes dos brancos, agora não quer mais morar em casas de sapé, as danças acabaram, o índio tradicional vai acabar daqui alguns anos, relatou, hoje o índio tem vergonha de falar a sua língua, só conversa em português, negando o seu idioma, todos devem falar na língua materna indígena, para manter a cultura, cada um tem o seu idioma, não devem ter vergonha, o índio é nativo do Brasil, espera que os pais contem a verdadeira história e a sua cultura indígena aos filhos e netos; Estudou até o quarto ano, ia a pé para escola na Missão, passando por picadas chegava na escola todo molhado e sujo para poder aprender, quem tinha condição continuava os estudos, agora está tudo fácil para quem quer estudar, quem quer seguir em frente, diz que tudo que viveu e viu nunca mais voltará ficando apenas em sua memória.



Relatos organizado pela professora Egizele Mariano da Silva, a partir da entrevista realizada pela Cristiane Ortiz Machado, disponibilizada para trabalho em sala de aula.

imagem:Cristiane Ortiz


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