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Foto do escritorEgizele Mariano

Memória e Ensino de Histórias na RID


TRAJETÓRIA DE VIDA DE GRANDES LÍDERES INDÍGENAS QUE RESIDIRAM NA RID


Marçal Tupã-I (Deus Pequeno),


Líder da Etnia Guarani-Nhandevá, Enfermeiro e Intérprete da Língua Portuguesa e Língua Guarani, conhecedor de diversas, línguas estrangeiras. nasceu em Ponta Porã, MS (24/12/1920), membro da igreja presbiteriana, em 1937 iniciou seu trabalho como missionário juntamente com a Missão Caiuá.

Aos 3 anos mudou-se para a aldeia de Te'ýikue, na cidade de Caarapó, ficando órfão aos 8 anos, passou a morar na Nhanderoga, nome dado a orfanatos de crianças indígenas, na Missão Caiuá, aos 12 anos foi com um casal de missionários para Campo Grande, onde conheceu um oficial do Exército que o levou para o Recife, onde realizou trabalho braçal em troca de comida, roupa e estudo.

Retornou a Dourados e foi contratado pela Missão Caiuá como professor de crianças órfãs e intérprete de guarani.

Em 1959 fez um curso na Organização Mundial de Saúde (OMS) e se formou atendente de enfermagem, profissão que exerceu até sua morte em 1983;

Atuou como capitão na reserva Indígena de Dourados no ano de 1963 permanecendo até 1967, desde o início dos anos 70 denunciou a expropriação de terras indígenas, a exploração ilegal de madeira, a escravização de índios e o tráfico de meninas índias na reserva Indígena de Dourados, por não aceitar a ser cúmplice da Funai, foi afastado do cargo de capitão, vítima de perseguições, em 1978 foi expulso de Dourados pela Funai e voltou a morar na aldeia Te'ýiku nesse ano, foi novamente transferido pela Funai, vai para a aldeia de Mbarakaju, em Antônio João.

Durante seu trajeto na luta em defesa das questões indígenas, participou de diversos seminários, congressos e conferencia, bucando melhoria para o povo indígena, um porta voz da comunidade indígena, defendeu incansavelmente seu povo para que pudessem retornar ao seus territórios tradicionais, foi um dos criadores do Movimento Indígena Brasileiro, tendo sido um dos fundadores e participado da primeira diretoria da União das Nações Indígenas (UNI), entidade que congrega indígenas brasileiros, fundada em 1980.



Em 1980, foi escolhido representante da comunidade indígena para discursar em homenagem ao papa João Paulo II em Manaus primeira visita do papa ao Brasil, discursando sobre a invasão dos territórios indígenas, sobre os anseios da comunidade indígena brasileira e pedindo para que o papa levasse seu clamor ao mundo, participou do congresso nos Estados Unidos da Organização das Nações Unidas (ONU) e do filme "Terra dos Índios". de ZELITO VIANA 1979 narrado por Fernanda Montenegro, com entrevista de Darcy Ribeiro, Depoimentos de Angelo Kretã, Mário Juruna, Marçal de Souza e outras lideranças que vivenciavam o conflito pelo seus território tradicional, Marçal participa do filme com o objetivo de mostrar ao mundo a realidade vivenciadas nas aldeias indígenas demarcadas para o povo indígena, situação retratada no ano de 1979.


Suas denuncias e lutas pelos direitos dos povos indígenas, o fez ganhar diversos inimigos, principalmente fazendeiros, no mesmo ano da visita do papa no Brasil, é transferido pela Funai, passando a morar na aldeia Pirakuá no município de Antônio João, lá envolveu-se na luta pela posse de terra, após diversas ameaças e agressões,

em 25/11/1983 foi brutalmente assassinado com 5 tiros, no rancho de sua casa, na aldeia Campestre; Os acusados do crime, foram absolvidos em julgamento realizado somente dez anos depois, em 1993; Foi um dos vários lideres assassinados na luta pela terra;

O Sonho de Marçal era ver a os indígenas organizados, mais com a sua própria organização, que surgisse pessoas esclarecidas como ele para continuar lutando pelos direitos dos povos indígenas, principalmente o direito a terra e a valorização da cultura.



















Assista o documentário do FIlme A Terra dos índios:




TRAJETÓRIA DE VIDA DE GUILHERME VALÉRIO



A TRAJETÓRIA DE VIDA DE GUILHERME

GUILHERME FELIPE VALÉRIO, Indígena da etnia Terena, nasceu em 25 de junho de 1927 na Aldeia Bananal, seus pais eram evangelistas e foram residir numa aldeia em Buriti, aos 15 anos, morou na Aldeia Ypeg, lugar onde conheceu sua esposa, Maurícia Mariano, com quem teve nove filhos, estudou e começou a trabalhar na Missão Evagélica Esperança aos 16 anos, permanecendo lá por 20 anos, passou a morar em Ypeg residindo lá, até 1960 com 34 anos em 1961, soube que em Dourados, havia uma Reserva com terras boas e teve vontade de conhecer assim veio juntamente com a sua família, ao chegar, ganhou um pedaço de terra do cacique Inocêncio Ribeiro ( apelido Jacaré) na Aldeia Jaguapiru, foi orientado pelo cacique a cultivar roças, a partir dai passou a cultivar mandioca, batata, milho e criar galinhas, os produtos cultivados na roça eram vendidos na cidade, o cacique disse que poderia ficar na aldeia e ajudar a Missão Caiuá;

Quando chegou na aldeia, aqui era só mato, os moradores moravam todos longe um do outro, havia muitos bichos, onças, Guilherme e sua família gostavam de ficar em volta da fogueira assando batata e mandioca


Tornou se um grande evangelizador, um lider religioso, através da Missão Caiuá, conheceu outras aldeias, como: Caarapó e Amambai, adorava contar histórias sobre suas tradições e relatos de vida de seus antepassados. Foi um grande defensor da educação indígena, realizou palestras aos alunos e professores,

relatou que as crianças indígenas sofreram muito para ir estudar na missão caiuá no inicio da criação da reserva, pois não haviam estradas e o percurso era muito longe,

Os meios de transporte era a cavalo ou de carroça, principalmente na cidade,

ao finalizar os estudos na Missão Cauiá os indígenas tinham que ir estudar na cidade,



Indígena falante de sua língua materna terena, tinha o domínio da Língua Portuguesa,

aprendeu a falar a Língua Guarani, sua facilidade para aprender, lhe proporcionou a aprendizagem de mais uma língua, a Língua Inglesa,em 1950 para se comunicar com a Missão Inglesa, passou a falar e entender um pouco de inglês, fazia questão de cumprimentar as pessoas em várias línguas, realizou o trabalho de evangelização em Goiania, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, por onde passava tinha o prazer de falar o seu idioma terena, representante do grupo de Tradição Terena, contava histórias de seus antepassados, mantendo o ensino das danças o conhecimento sobre as pinturas e grafismo da etnia terena, possibilitando a aprendizagem a todas crianças uma liderança muito prestigiada e respeitada, por seus ensinamentos e conselhos, fez se presente em palestras nas escolas indígenas ou recebia em sua residência as pessoas que queriam conhecer sobre a sua cultura, falava de suas tradições, proporcionando atividades culturais, como a dança e o canto na língua indígena, com objetivo de fortalecer a cultura de seu povo; Em 2012 passou a sua funçao de evangelizador ao seu Sobrinho,

Guilherme Valério foi Homenageado na escola Indígena Guateka Marçal de Souza pela valorização da sua cultura e como líderança indígena terena, os alunos ouviram a sua história, registraram através de produções textuais e ilustrações, na disciplina de artes o aluno Gideone Fernandes ilustrou a sua caricatura, na qual demonstra a naturalidade de seus sorriso, foi homenageado como cidadão Douradense nos 80 anos de Dourados, representando os povos indígenas contando a sua trajetória de vida, faleceu em 2020, aos 93 anos, vítima do Covid.19.






































Assista o documentário de Guilherme Valério:






Organização do material:Egizele Mariano da Silva/2021


























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