O Presente artigo organizado pela professora Emislene Silva Mariano, retrata as narrativas orais, destaca a importância do registro da memória da cultura Terena presentes nas histórias contadas.
Entrevista realizada com Guilherme Felipe Valério
Indígena da etnia terena, residente na Reserva Indígena de Dourados MS, Aldeia Jaguapiru.
Entrevista realizada em Agosto/2013
Valério e sua relação com a comunidade Terena
Através da família Terena, de Guilherme Felipe Valério[1] podemos realizar um trabalho de resgate das narrativas tradicionais do povo Terena.
Realizamos uma entrevista semi-aberta com o ancião Terena Ele deixou evidente na entrevista que está tentando mostrar que seu povo tem uma identidade própria, que um dia viveu e praticou cada traço de sua cultura e que teme a desvalorização e a incorporação definitiva da cultura do branco.
Durante nossa conversa, Valério procurou dialogar o presente com o passado, reafirmando as mudanças que aconteceram e manifestando seu desejo de oferecer um novo percurso para a população indígena. Por conta desse desejo ele procura narrar histórias do passado, como forma de fazer com que as crianças se sintam integrantes desse grupo étnico, que a cada dia deixa de lado seu costume para se adaptar a essa nova maneira de viver.
Assim, foi possível verificar a grande frustração desse ancião: apesar de seu esforço, percebe que seu povo esta submetido ao processo de evolução da sociedade não indígena.
Valério, que nasceu em 25 de junho de 1927, por meio de sua fala demonstra sua representatividade para a comunidade: um homem sábio que apresenta diversos valores positivos:
“Cheguei aqui e virei vice-capitão... era muito respeitado por ser um líder religioso, todas as etnias me respeitava, era um cabeçante...”.
Desse modo, durante nossas conversas, ele procurou demonstrar seu valor social, seu lugar de origem e descrever as características de sua família:
“Cheguei aqui em 1961 vim da aldeia Bananal do Município de Aquidauana. Casei na aldeia Ypegue, minha esposa é a Mauricia. Tivemos nove filhos”.
O narrador afirma novamente sua representação, nos levando a reconhecer seu valor:
“Todos falam que sou um representante político e religioso da nossa etnia, fala que sou experiente na cultura...”.
Além disso, mostra a forte relação com seu povo, no passado e presente:
“Falo para as pessoas de como somos e como devemos andar, porque no tempo o modo e jeito vai se modificando...”.
Ciente de seu papel centraliza seu poder na luta por construir um discurso que valoriza a hierarquia indígena, ameaçada pelo discurso do outro:
“Sou como um cacique que ensina e instrui como deve ser o índio... Mas não sou considerado cacique porque tenho uma representação religiosa, sou presbítero da igreja... não posso agir como cacique que reza e pede ajuda para o xamã”.
Valério tem consciência das transformações pelas quais passaram as comunidades indígenas:
“Antigamente nós praticava muito a agricultura, os índios caçava e plantava muita banana, e caçava e pescava, nós matava os bichos no mato [...]”. Essas mudanças também interferiram nas formas de organização familiar e do espaço, alterando o “Modus Vivendi Tribal”, diferente de como os indígenas vivem atualmente: “Nossas casas era oca, Lá morava cinco ou seis famílias, cada oca tinha seu cacique, o cacique era quem ensinava os índios caçar e guerrear, nos chamava de koexomunoti, era o curandeiro nome na língua”.
Para Valério, o cacique é um ser místico de valor subjetivo, intermediado por um discurso simbólico e provido de seus enigmas culturais e suas práticas espirituais. Ele se refere ao cacique na língua Terena, para demonstra como chamam o seu líder espiritual. Assim, explica que cada etnia tem seu modo particular para se referir ao seu líder espiritual:
“Aqui é o xamã, ele reza para chamar os espíritos da cura... eu já fui ao ovuku orokati´ (casa de reza), mas nunca participei, só fui ver a dança... o xamã dança e usa a porunga para os espíritos ouvir... eles dançam cantam para chamar o guia...”.
Ele exemplifica a função do cacique como curandeiro e a execução de seus conhecimentos e que detém um poder medicinal, intermediado por Deuses e menciona o seu distanciamento em relação às práticas espirituais:
O guia explica qual é o remédio para dar para pessoa doente, às vezes o xamã fala que ele não vai sarar, porque está quase chegando o dia da sua morte... ele não chama doutor, tem nome na língua Terena, tudo que eles não sabia, ele explicava, qualquer tipo de doença ou remédio que era para tomar.
Valério também reflete sobre a nova realidade e os fenômenos que determinam essa nova forma de viver, demonstrando consciência da desintegração do modo de vida tribal que exige adaptações:
“Com o tempo tudo vai mudar, a nossa cultura vai ficando diferente... Muitas coisas os Terena não fazem mais como, as reza e o canto... [...]”
Nesse sentido, também manifesta aceitação da diferença entre os povos indígenas:
“Toda nação tem um pouco de diferença, os guarani fala ‘Mba’e chapa’ (bom dia ou como vai?), os Terena fala ‘unati’, os kinikinau fala igual nós, mas algumas palavras são diferentes... é assim, cada lugar tem seu jeito de fala.”.
Diante das transformações sofridas, apresenta uma preocupação com o futuro e a busca de um novo caminho de sustentabilidade de seu povo, diferente daquele que foi tomado a partir do pleno contato com o mundo do branco, que fez o indígena transformar seu modo de vida e se adequar às necessidades da cidade, como descreve Marchewicz:
“A convivência com os brancos aos poucos vai alterando seu modo de vida e, na tentativa de fazer parte dessa nova realidade, está substituindo seus costumes influenciando-se pelos atrativos da cidade.” (MARCHEWICZ, 2006. p.33). A fala de Valério expõe essa situação:
Hoje, os índios tem que estudar, tem que pensar no futuro, só tem trabalho na cidade, nossa criança precisa do estudo... O branco fala que nós índio vão deixando nosso costume, mas porque somo obrigado a viver no meio do branco... e através dos estudos muitas índias casa com branco e fala só o português.
Resgatar os rituais e textualidades tradicionais faz parte dessa retomada do caminho que a comunidade seguiu:
As histórias e o canto serve para nós expressar nosso sentimento nossa cultura é o modo do nosso povo, é como era no passado nosso jeito de viver. Quando uma pessoa chega para visitar, o guia chega primeiro e avisa o xamã que vai chegar à visita, pode ser a noite, ou de dia, ele canta para esperar eles chegar, quando vê a pessoa no trieiro, vai cantando ate o encontro da pessoa, canta na língua. Fala coisas boas da pessoa, agradecendo a visita e, depois quando a visita vai embora eles cantam e despedindo da pessoa, se despedem na língua cantando até a pessoa sumir no trieiro.
Verificamos que, de acordo com a fala do narrador, o canto emerge em torno de um elogio fúnebre catalisador, despertando um sentimento de não realização étnica fazendo o narrador relembrar dos valores tribais:
O canto também é quando a pessoa morre uma despedida, cantam porque querem que seja bem recebido no céu juntamente com os deuses... Porque antigamente nós índios viviam tudo junto, as famílias se amavam, o canto era uma forma de expressar o nosso sentimento de saudade e felicidade. Nossos avós dançavam, faziam uma roda... Quando minha avó morreu, senti falta fiquei muito triste, porque hoje ninguém canta pra mim.
Assim, Valério descreve a importância da ressurreição dessas tradições, pois remetem a uma realidade que procura satisfazer as necessidades culturais do Terena no momento presente. E, novamente, nos leva a considerar as diferenças da língua Terena de uma região para outra:
Eu acho importante contar pra kalivonó (crianças) essas histórias como nós vivia, porque hoje não tem como fazer mais nossa cultura, as moças e o rapaz fala, já foi, já era é do passado, nossas crianças só sentirão índio através das historias que hoje nós contamos..nós temos que aprender também a nossa língua, tem que ter livros para contar nossa historia acho que fica bom para as pessoas que quer aprender ou conhecer o índio terena.....Cada aldeia tem seu CHULHOPAK (jeito de falar obrigado), em Buriti fala assim... Aqui fala Ainapoyakoe...
O ancião Terena tenta justificar a importância do registro na língua Terena e sua preocupação com o desaparecimento da língua. De acordo com o contato intercultural, buscando uma adesão a técnica do branco, a “escrita” e também visando uma aceitação ao universo cultural do não índio:
Não existe uma pessoa que escreve a nossa língua... vai acabar... vai ... tem que ser como os brancos é importante registrar porque os brancos acha bom, nos temos que seguir como os brancos, no mato nos não precisava escrever, hoje precisamos do registro, o índio tem que seguir o branco, se não, o branco não aceita ele.
Ao abordar sua preocupação com o registro também releva que muitos traços culturais já não são mais praticados pela comunidade Terena e se refere à desintegração dos conceitos tribais: a convivência acolhedora e fraternal: “Muita coisa já ficou pra trás o modo de andar de vestir de comer a consideração, o respeito... Hoje tem índio que mata o outro antes isso não existia... Ninguém pensava mal do outros todos viviam juntos...”.
Descreve o valor e a importância das crianças em conhecer um universo que foi suprido para dar lugar ao desenvolvimento, relata a necessidade do contato com a sabedoria do ancião: “Pra mim tudo quanto é historia do povo é importante... De onde viemos, porque estamos aqui, quantos anos estamos aqui... Daí começa a explicar a nossa cultura como era nossa gente, como casava como era com os filhos...”.
Ele sente a necessidade de direcionar o tempo, citando o ano em que o seu espaço e modo de viver passaram a sofrer influências da cultura do branco: “Desde 1960, já está tudo modificado, tivemos que ir pra escola e ir pra cultura do branco, trabalhar nas fazendas...”.
Podemos observar que o narrador preocupa-se com a reafirmação dos seus conhecimentos tradicionais e atribui ao registro o papel fundamental de resgate dessas narrativas, proporcionando aos Terenas o contato com seu passado através da escrita, ao encontro da perspectiva de Almeida: “O objeto livro é, portanto, o lugar da reconstrução da memória indígena no Brasil, embora também se construa sobre os escombros da historia, sobre o esquecimento do seu passado” (ALMEIDA, 2012, p.1):
Muito de nossos índios não sabe mais o tipo de comida, as danças, e as mulheres não sabem mais fazer potes e nem panela de barro.. . Eu acho bom começar por aqui se fosse escrever um livro... Eu gosto de contar as historia desde o começo, quando tudo começa... Acho tudo muito importante porque hoje as crianças não sabe como era a nossa vida... Minhas netas entendem o meu idioma, mas não é igual como falo com minha esposa, muita coisa já ficou pra trás... [...]
Valério menciona a necessidade de relação com outros contadores para continuarem a desenvolver o trabalho de narrar o passado do povo Terena e proteger esse conhecimento indígena, um patrimônio cultural.
Ele reconhece que se perde a totalidade da cultura de um povo ao se perder uma língua e todos os saberes que ela comporta, ao dizer: “Fico preocupado se não existir outro no meu lugar, por isso tem que ter um livro de história... As pessoas acham que vou ficar aqui pra sempre, quero que se preocupe com isso, nós temos que ter nosso material sobre o nosso povo, a nossa história registrada.”
Em abril, no mês do índio, o trabalho de Valério como narrador se intensifica: “Nossa oca é preparada somente no mês do índio, recebemos muita visita aqui, as crianças vêm fazer pesquisa e conto as historias do meu povo para eles... nós temos que saber a nossa cultura...”
Apesar do contato com a cultura ocidental, o ancião Terena descreve um dos principais símbolos predominantes da cultura que, ao longo dos séculos, foi praticada e permanece com os mesmos traços:
Eu acho importante contar pra kalivonó (crianças) essas histórias como nós vivia,A narrativa de Valério é uma representação de sua relação com o mundo e de sua ação no seu contexto em busca da transformação da situação do seu povo. Sua fala releva a importância de se resgatar como eram e como viviam o povo Terena da aldeia Jaguapiru e qual era sua relação com o mundo espiritual e a natureza, baseada em crenças que estabeleciam seus princípios de vida coletiva e de respeito ao líder espiritual do seu povo:
Nosso povo tinha muita coisa para viver bem... Então nós respeitava os espíritos e a natureza, as nossas jovens não podia sair no sol quente, mulher grávida não podia ficar parado na porta por causa dos espíritos que queriam entrar na oca... As moças não podia olhar na lua nova... para não dar doença forte nelas. Cada lua nova a pessoa mais velha da família tinha que juntar seus netos para tirar sangue com uma espécie de agulha retirada do rabo da aranha, pra ter sangue bom para ficar sempre forte. O homem não deveria pisar no rastro de outra pessoa se não pegaria todo mal daquela pessoa principalmente a preguiça. Tudo isso era o cacique quem ensinava e todos respeitavam...
Ele mostra como esse modo de vida está ausente do comportamento atual dos jovens, são eles os principais afetados pelo contato com o mundo não indígena: “Hoje nossos jovens não querem acreditar nesse modo de viver. Isso é porque não vivemos mais no meio do mato, já vivemos a vida do branco, precisamos das coisas do branco”.
Um dos símbolos de pertencimento mais importantes de qualquer cultura é a sua língua, para o povo Terena, esse aspecto deixou de ser sua principal característica étnica, por isso o narrador teme o contato permanente com o branco e a perda dos costumes que ainda restam ao povo Terena, pois a aldeia está localizada muito próxima à cidade e isso resulta em uma assimilação constante da cultura do branco:
Estou preocupado com a nossa aldeia perto da cidade, os índios vão pegando a cultura do outro desde criança, e começam a mudar a educação, fala que é índio, mas não fala mais o seu idioma, eles tem uma grande mistura e passa a ser diferente. Minhas netas são mestiças, por ai a gente vê que já perde um pouco da cultura.
Eu falei do livro, será que os jovens gostariam de estudar esse livro, porque hoje tem televisão para eles assistir, acho que não gostariam de viver no passado, acho que a televisão tira a cultura do índio, antigamente eram aconselhadas pelos avós, elas seguiam cada instrução que eles ensinavam.
Como uma forma de resistir a essa situação, Matos (2003, p.106) discorre sobre como a educação escolar indígena deve usar uma abordagem crítica da oralidade como ferramenta pedagógica:
Temos que recordar que as sociedades indígenas, nos dias de hoje, ainda tem um forte mecanismo de reprodução social. O estudo da força e dinamismo dessa forma de reprodução sociocultural ainda é pouco desenvolvido [...] a pedagogia critica indígena deve pesquisar a oralidade, seu valor e uso como instrumento pedagógico.
Ao encontro de Matos, Valério atribui principalmente às escolas a tarefa de despertar o reconhecimento e a contribuição para a revitalização das línguas e da cultura dos povos indígenas: “Eu penso que as escolas ajudariam se começassem a praticar sempre dentro da escola [...]. O professor deve fazer o aluno entender a cultura dele... falar que é bom e que não pode esquecer.’’
Valério constata as transformações decorrentes da proximidade com a cidade e com os modos de vida não indígenas:
As coisas do branco traz muita influência: a comida o índio não planta... E não faz mais... Compra tudo no mercado... Porque já tá pronta pra ele... Eu ainda vejo as aldeias que é longe da cidade... Ainda existe muita prática... , ele ainda cultiva as terras com as plantas tradicionais. Nós nos reunia para contar história e os nossos avós pensava que o índio ia sempre continuar morando no mato, mas a civilização veio entrando nas aldeias, nós cortava cipó no mato pra fazer nossas cordas, pra prender as coisas, nós não guiava carro, agora é tudo diferente. Minha avó lavava roupa em cima de uma pedra esfregava com sabugo ou pedra, hoje nossas minas estão tudo poluída, e hoje nós temos uma máquina pra lavar nossa roupa. As pessoas mais antiga se preocupa com esse modo de vida... os novos já acostumaram.
Diante disso, Valério incansavelmente não desiste de incentivar os jovens a praticar sua cultura tradicional, principalmente o uso da língua e sugere a produção de um livro ou dicionário para que tenham contato com a língua Terena:
Por isso eu sempre falo na língua com os jovens quando encontro, mas eles fala que não sabe... e conversa comigo em português. Então é importante ter um livro também na língua e também um dicionário... Porque quem que aprender, precisa estudar ...é igual como tem em inglês. Hoje muitas crianças não sabe cantar na língua, quando os americanos vem visitar eu faço a mensagem na língua... e também canto na língua.
Por fim, termina sua entrevista reafirmando que é de fundamental importância que se aprenda as tradições porque é através desse aprendizado que os Terena não vão perder sua língua, seus costumes e sua identidade étnica: “É importante ter tudo escrito no papel, se a pessoa estuda aprende, assim o índio precisa aprender... Se ele estuda não vai perder sua cultura... principalmente sua língua”.
Registro de uma narrativa
O primeiro registro e tradução (versão número 1) foram feitos de acordo com os relatos do idioma Terena de pessoas mais velhas da comunidade e a segunda tradução e registro (versão número 2) foram feitas de acordo com os relatos de uma pessoa mais jovem da comunidade, o que mostra os diferentes contextos da tradução do idioma Terena.
Versão número 1:
Registro na língua Terena: somos índios da terra
[2] Koeku iná ape’e tribu na Tereno’ e
Ape pohuti uhoro wakuti koane upenoti.
Poxo’oke ne uhoro apé nowo pohuti tikoti.
Ya wanuke’exa ne tikoti, ape pohuti ho’openo, koahati wituké. Heu koeti kaxe enepora.
Ho’openo,ha koe imoko’I nonjo pi koeku komomoyea kuveo ne uhoro.
Poí kaxe koane imoko peovo maká.Apé koene pohuti tutiye ukeati ne kuveo, vhoro.yane’e poí kaxe , piá tutiye ipuhi , keatiyá.Ipuhiko maka xa’a.Ya mopo’apeke ,xuínaneoxo eno xane .Koeku ipuhihikea ,ka’aye koe wako’í. Unikop yane ‘e maka koenehikó.Ya kuatrupexoke ipuhikea,xuineoxo eno xane ,yane’e turixo wone waukexea.Enomone koihano tribu tereno’ e .
Ukeatihikorá poke’e ,ukeati uhoro ,enepora xeti exetinahiko kuxotixane.
O SURGIMENTO DA TRIBO TERENA
Havia um buraco largo e muito profundo, ao lado do buraco existia uma árvore.
Em cima da árvore havia um pássaro chamado bem-te-vi.
Todo dia esse pássaro cantava, eu te vi, olhando para dentro do buraco.
Outro dia ele voltou e continuava a cantar, e de repente apareceu uma cabeça dentro do buraco.
Quando foi outro dia esse mesmo voltou, e continuou a cantar sobre a árvore apareceram duas cabeças, surgindo ate o peito.
Na terceira vez apareceu mais... E mais pessoas.
Quando eles apareceram eles gritavam.
Undikopi, e desapareceram no buraco.
E na quarta vez apareceu mais gente, e todos começaram a gritar undikop tereno’e.
Gritavam e saíram correndo para o mato. (‘Somos índios da terra).
E sumiram em direção ao mato gritando.
Por isso essa tribo se chama Terena, porque eles vieram do buraco da terra
Essa é uma historia de nossos antepassados, que os mais velhos da Tribo Terena, sempre contavam para as crianças.
Versão numero 2:
KEAKU NE’A KOPENOTY TERENO’E
Apé koene eno hanai’ti uhoro koa’ne upenoti xererecuke ape tikoti.
Ouke’ke ne tikoti apé há’openo koahati vituka.
Te’u koeti kaxé imokopono eo’u o xoko tikoti koa’ne komomoyea kuveo uhoro koane imoke’ovo nonjopi ko’e akene yaneko inuxopi kaxe koynne ixomoyoa ipuhike’ati kuve uhoro.
Yane’e piãpe axé ipuhikone piati tutiye tuku ko’eti xoko nõ’e.
Yane’e mopoape kaxe ipuhihikone ono xane koane uauke’a UTI kopeno ti .Yane’e maka koeponehikomaka.
Koatutuxo pe’ke kaxé yane’e turixo ponema
KA vaukexea utikopenoti tereno’e.
Uaukexo’ne kuane ipuhihikea xaneati ehakopeo’vo xapá uhi’ti hava ko’e uauko’oe UTI iha’i poke’e.
Eno’ne kutuinoke koa hati kopenoti tevende vo’oku kuve’u uhoro uke’a enoné koe exetina uoxuno’kená.[3]
Pesquisa realizada pela Professora: Emislene Silva Mariano/2013
Entrevistado: Guilherme Felipe Valério Indígena da Etnia Terena, residia na Reserva Indígena de Dourados.MS, aldeia Jaguapiru.
Guilherme Felipe Valério faleceu no dia 21/08/20 aos 93 anos e sua esposa Maurícia Mariano no dia 22/08/20 aos 86 anos vítimas do Covid,19.
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