RESERVA INDÍGENA FRANCISCO HORTA BARBOSA-DOURADOS-MS
A Reserva Indígena de Dourados está localizada na Rodovia Dourados-Itaporã Km 05, próxima à cidade de Dourados no sul do estado de Mato Grosso do Sul (MS). Foi à segunda área de terras reservada por meio de decreto Estadual 401, para indígenas da região da Grande Dourados, visando confinar indígenas em local determinado para redistribuir as terras restantes a terceiros e explorar a mão-de-obra indígena.
Criada em 03 de setembro de 1917, só teve seu processo de demarcação, homologação e recebimento do título definitivo concluído, 48 anos depois, ou seja, em 1965, com uma área prevista de 3.600 hectares, doação feita pelo presidente da Província de Mato Grosso, sendo demarcada e homologada com 3.539 hectares, porém no processo de demarcação, 61 hectares foram perdidos para proprietários.
Na Reserva Indígena de Dourados residem três etnias: Guarani Kaiowá, Guarani Ñandeva e Terena, famílias que foram expulsas de seus territórios tradicionais, marcadas por histórias de lutas, por seus territórios, atualmente formam uma comunidade de aproximadamente 18 mil indígenas, no início viviam juntos, devido aos conflitos internos, a reserva dividiu-se em duas aldeia: Aldeia Jaguapiru e Aldeia Bororó.
O POVO TERENA NA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS
Conforme pesquisas realizadas sobre a Reserva indígena de Dourados, indígenas da etnia Kaiowá, foram os primeiros a serem aldeados nessa área, logo depois, indígenas da etnia Guarani em seguida os da etnia Terena, orientados pelo SPI a residir na reserva, alguns pesquisadores confirmam através relatos de que algumas famílias indígenas Terena já estavam na região no início da criação da reserva, famílias que vieram com a comissão de Rondon para trabalhar na construção das Linhas Telegráficas, no então estado de Mato Grosso no início do século XX; Albino Nunes, indígena da etnia Kaiowá, relatou que no início, havia somente três famílias de indígenas Terena, que vieram com o Rondon, trabalhar, comentou que ajudaram a fundar a reserva juntamente com os Kaiowá.
A comunidade indígena Terena passou a residir na reserva desde a década de 30, trazido pelo SPI, com a finalidade de auxiliar os indígenas Guarani nas técnicas agrícolas, as primeiras famílias Terena, foram se estabelecendo e com o passar dos anos, novos parentes Terena chegavam, eram bem recebidos pelo capitão, ganhavam um pedaço de terra para se estabelecer, desta forma, desenvolviam seus roçados, construindo suas moradias, se interagiam com indígenas da etnia Guarani e Kaiowá, pois tinham facilidade em se relacionar com os outros povos; A Reserva Indígena de Dourados é multiétnica , portanto ocorrem casamentos interétnicos, entre Terena e Guarani e entre Guarani e Kaiowá, há uma menor incidência de casamentos entre Kaiowá e Terena, os filhos destes casamentos geralmente, assumem a identidade étnica da mãe, em alguns casos a do pai.
A vida da comunidade indígena desde do início da criação da reserva não foi fácil, pois enfrentaram muitas dificuldades para se adaptar ao confinamento, principalmente em uma área com escassez de recursos naturais, buscando novas formas de sustentabilidade, o que contribuiu para a perda de alguns traços culturais, não sendo possível, viver da coleta, da caça da pesca, da agricultura ou da produção de artesanatos; O espaço territorial é restrito, as condições ambientais revelam problemas que comprometem a qualidade de vida dentro da comunidade, a água, tornou-se muito escassa os córregos que adentram a reserva já se encontram contaminados e são pouco acessíveis à maioria das famílias, água encanada não tem atendido satisfatoriamente toda a população, pois não há manutenção dos poços e encanamentos, A coleta de alimentos, a caça e a pesca praticamente não existem mais, devido ao desmatamento, superpovoamento e consequente esgotamento dos recursos naturais que serviriam de base para a manutenção de práticas culturais relacionadas à sua sobrevivência, até mesmo a questão da agricultura fica prejudicada, não há condições financeira para cultivar as pequenas roças na qual antes garantiam a sustentabilidade das famílias.
Muitas famílias Terena se deslocam para a Reserva indígena de Dourados buscando uma vida melhor aos seus familiares, passam o dia fora retornando no fim do dia, outras famílias Terena de deslocam para a reserva, devido a acessibilidade as universidades para concluir seus estudos, além do acesso ao comércio e hospitais; Atualmente Trabalham em várias funções, como na construção civil e na coleta de lixo urbano, muitas mulheres atuam em serviços domésticos, indígenas qualificados, se tornam servidores públicos, principalmente na educação e na saúde, atuando na própria reserva indígena, assumindo importantes papéis econômicos na comunidade.
Juliana Grasiéli Bueno Mota Thiago Leandro Vieira Cavalcante (Organizadores) Reserva Indígena de Dourados Histórias e Desafios Contemporâneos São Leopoldo 2019
Pesquisa;Egizele Mariano da Silva/2021
Foto Facebook
Comments