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Foto do escritorEgizele Mariano

Origem do Povo Terena

Segue versões sobre a Origem do Povo Terena, contada segundo relatos dos anciãos indígenas Terena:

Os professores da aldeia de Cachoeirinha, em 1995, resumiram a criação do povo Terena da seguinte maneira:


Primeira versão:


A CRIAÇÃO DO POVO TERENA

Havia um homem chamado Oreka Yuvakae. Este homem ninguém sabia da sua origem, não tinha pai e nem mãe, era um homem que não era conhecido de ninguém. Ele andava caminhando no mundo. Andando num caminho, ouviu grito de um passarinho, olhando com medo para o chão. Este passarinho era o bem-te-vi. Este homem, por curiosidade, começou chegar perto. Viu um feixe de capim, e embaixo era um buraco e nele havia uma multidão, eram os povos terena. Estes homens não se comunicavam e ficavam trêmulos. Aí Oreka Yuvakae, segurando em suas mãos tirou eles todos do buraco. Oreka Yuvakae, preocupado, queria comunicar-se com eles, mas não conseguia. Pensando, resolveu convocar vários animais para tentar fazer essas pessoas falarem, mas não conseguia.

Finalmente convidou o sapo para fazer apresentação na sua frente, o sapo teve sucesso, pois todos esses povos deram gargalhada, a partir daí eles começaram a se comunicar e falaram para Oreka Yuuakae que estavam com muito frio."


2ª versão:

Escrita pelo estudioso do povo Terena, o antropólogo Herbert Baldus, depois de conversar com os Terena, durante as visitas que fez aos postos indígenas do estado de São Paulo em 1947, transcreveu a seguinte versão:


"Diz que antigamente não havia gente. Bem-te-vi, uítuka, descobriu onde havia gente debaixo do brejo. Bem-te-vi marcou o lugar aos Orekajuuakái que eram dois homens e estes tiraram o povo terena do buraco; Antigamente, Orekajuuakái era um só e quando moço a sua mãe ficou brava, pois Orekajuuakái não queria ir junto com ela à roça, foi à roça, tirou foice e cortou com ela Orekajuuakái em dois pedaços. O pedaço da cintura para cima ficou gente, e a outra metade também. Antes de tirar o povo terena do buraco, Orekajuuakái mandaram tirar fogo, iukú. Pensaram quem vai tirar fogo. Foi o tico-tico, xauokóg. Ele foi e não achou fogo. Depois foi o coelho, kanóu, e tomou o fogo dos seus donos, os Tokeóre. O konóu chegou onde estava os Orekajuuakái e foram fazendo grande fogueira. O povo terena levantou os braços e Orekajuuakái tirou do buraco. Toda gente era nu e tinha frio e Orekajuuakái chamaram para ficar perto do fogo. Era gente de toda raça. Orekajuuakái sempre pensaram como fazer falar esta gente. Mandaram-na entrar em fileira um atrás do outro. Orekajuuakái chamaram lobinho, okué, pra fazer rir as pessoas rirem. Lobinho fez macacada, mordeu no próprio rabo, mas não conseguiu fazer rir. Orekajuuakái chamaram sapinho, aquele vermelho, kalaláke. Este andou como sempre anda e as pessoas começaram a dar risada. Sapinho passou ida e volta ao longo da fila três vezes. Aí a começaram a falar e dar risada. Orekajuuakái ouviram que cada uma das pessoas falaram diferente do outro. Aí separaram cada um a um lado. Eram gente de Finalmente ele convidou o sapo para fazer apresentação na sua frente, o sapo teve sucesso pois todos esses povos deram gargalhada, a partir daí eles começaram a se comunicar e falaram para Oreka Yuuakae que estavam com muito frio."

Como o mundo era pequeno, Orekojuuokái aumentou o mundo para o pessoal caber. Orekajuuakái deu uns carocinhos de feijão e milho e deu mandioca também e ensinou como se planta. Deu também semente de algodão e ensinou como tecer faixa. Ensinou fazer arco e flecha, ranchinho, roçar e plantar,

(relato oral de Antônio Lulu Kaliketé, traduzido para o português por Ladislau Haháoti)


3ª Versão: presente no livro "Turí ne Terenoehiko” na qual relata a história da origem do povo Terena. O mito da criação foi contado pelo ancião Guilherme Felipe Valério, antigo morador na terra indígena de Dourados, falecido em 2020.























































Pesquisa, resumo e Organização do material postado: Egizele Mariano da Silva,Fonte:Bittencourt, Circe Maria. A história do povo Terena. / Circe Maria Bittencourt, Maria Elisa Ladeira. - Brasília : MEC, 2000. 156p.

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