A Guerra do Paraguai marcou profundamente a história do Povo Terena
Os conflito ocorreram, justamente em território do povo Terena, que aliado dos brasileiros, sofreram ataques e represálias por parte das tropas paraguaias. É quase certo que todas as aldeias então existentes na região dos rios Miranda e Aquidauana desapareceram, com seus habitantes buscando refúgio nas serras de Maracaju e Bodoquena. Quando a Guerra do Paraguai chegou ao fim, em 1870, os Terena começaram a voltar para suas antigas aldeias, destruídas durante os combates. Muitas aldeias haviam sido completamente aniquiladas e nunca mais foram reconstruídas ou recuperadas. O antigo território das aldeias passou a ser disputado por novos "proprietários", como: oficiais desmobilizados do exército brasileiro e comerciantes que lucraram com a guerra e que permaneceram na região.
O Povo Terena haviam lutado na Guerra para garantir os territórios que ocupavam, mas este direito não foi garantido pelo governo brasileiro e a vida do povo Terena a partir daí, passou a ser bem diferente. Depois de ganhar a guerra contra os paraguaios, o governo brasileiro começou a incentivar a ida de não indígenas de outras regiões do país para Mato Grosso, para controlar melhor a região, guardando a fronteira com fazendas de gado e plantações.
O POVO TERENA E O TRABALHO NAS FAZENDAS
As fazendas começaram a se multiplicar. Na região do Mato Grosso, o povo Terena viram-se cada vez mais cercados pelas fazendas de gado. Os rebanhos das fazendas estavam sempre destruindo as Plantações do Povo Terena. A vida nas aldeias ficou muito difícil e boa parte dos Terena foi obrigada a se empregar como trabalhadores nas fazendas. É por isso que muitos avós que hoje moram nas aldeias nasceram nas fazendas. Os Povos Terena que não queriam se submeter acabavam por sair da região e se refugiaram em lugares mais distantes. Desta forma os fazendeiros conseguiram, se apossar de mais terras do povo Terena. Os conflitos com os fazendeiros eram constantes. Havia muita exploração dos proprietários brancos sobre o trabalho do povo Terena. Um exemplo dos conflitos foi o que ocorreu por volta de 1890. Dois fazendeiros brigavam entre si na região de Miranda. A fazenda Santana, que era disputada pelos dois fazendeiros foi saqueada por um deles, mas o proprietário resolveu por a culpa nos Terena da região de Cachoeirinha. Por causa dessa acusação, os Terena foram obrigados a trabalhar de graça para o dono da fazenda. O povo de Cachoeirinha se revoltou contra esse fazendeiro e muitas famílias deixaram a aldeia, buscando refúgio em Bananal e na serra do Maracaju.
OS TEMPOS DE SERVIDÃO
Os tempos da servidão vivenciados pelo povo Terena, ainda é lembrado nos relatos do povo das aldeias, período em que deixaram as suas aldeias para trabalhar nas fazendas em condições de quase escravidão. Trabalhavam quase sem remuneração e muitas vezes os fazendeiros simulavam o acerto de contas e diziam, aproveitando-se dos índios: você ainda está devendo, portanto tem que trabalhar mais um ano. E a cada acerto de contas eles repetiam o mesmo." (Genésio Farias) "O pessoal daquela época tinha medo, porque ainda se lembrava do patrão que os chicoteava na fazenda. Quem se atrasava para tomar chá de manhã era surrado, segundo João Menootó Martins, antes de seu avô falecer, lhe contou, que eram castigados, tinha que arrancar o mato com as próprias mãos; Quando a comida estava pronta, eles mediam toda a sua tarefa. Eram quinze braças de tarefa e, mesmo não terminando a tarefa do dia, de manhã mediam outra tarefa, que acumulava.
Honorato Rondon da aldeia Passarinho, relatou que seu pai, Belizário Rondon, da aldeia Passarinho, foi cativo da fazenda Sucuri. Para marcar o tempo, era orientado pela lua nova e para acertar a conta com o patrão ele fazia traços na bainha do facão, marcando os dias do mês.
SPI
O SPI instalou seu primeiro posto indígena (PIN) entre os Terena na aldeia Cachoeirinha (em 1918), com o objetivo de levar aos indígenas a "proteção fraternal" preconizada por Rondon –na qual só ocorreu nos primeiros anos, uma proteção que deveria ser de direitos, foi sendo gradativamente transformada em imposição política, o encarregado do posto passou a interferir em praticamente todos os aspectos da vida social Terena, mediando os conflitos internos entre as famílias à lavratura - e guarda dos registros - das ocorrências civis (nascimento, casamento e óbitos) até a gestão dos contratos de trabalho e estabelecimento de uma "guarda indígena" para a manutenção da "ordem" de um povo que estava sendo submisso.
Pesquisa: Egizele Mariano da Silva/2021
Bittencourt, Circe Maria. A história do povo Terena. / Circe Maria Bittencourt, Maria Elisa Ladeira. - Brasília : MEC, 2000./imagem internet.
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