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Foto do escritorEgizele Mariano

TEMBETÁ

TEMBETÁ

Quando os meninos indígenas atingiam a puberdade entre os 10 á 12 anos, reuniam outros meninos de outras aldeias vizinhas, para fazer o ritual da perfuração do lábio, um ritual que acontecia entre quatro em quatro anos na comunidade; O Tembetá é uma vareta, feita de resina de uma planta, que etimologicamente significa pedra do lábio, uma tradição na qual envolvia toda a comunidade indígena Guarani Kaiowá, o tembetá dos meninos menores eram fininhos, os adultos usavam uma maior, conforme os meninos cresciam poderiam substituí-lo por um maior, quem usava o tembetá mais largo, representava o mais importante na aldeia, pois, era visto de longe.

Para a perfuração e colocar o tembetá fazia-se uma festa, considerada a festa das festas dos Guarani Kaiowá, acontecia na casa grande( Ogajetuku), uma casa com o teto arrancado do chão, onde as varas estavam cravadas, em muitas aldeias não havia mais esse tipo de casa, portanto construíam a casa para a realização da festa, o que aconteceu em Panambizinho, a casa construída em 1989 tinha a arquitetura caprichada ao extremo, um modelo de casa Guarani, muito bela, bem feita construída pela família de Paulito, um cacique, pajé, líder religioso, grande sábio, cujo nome indígena era Ava Poty Aru´a, grande conhecedor da Cultura tradicional indígena Guarani Kaiowá, era ele quem organizava a festa, o objeto que usava para furar os lábios dos meninos, não poderia ser visto pelos não indígenas, foi repassado a Paulito pelo seu pai, e antes de falecer, passaria ao seu sucessor, pessoa que continuaria a tradição, antes a festa do Tembetá durava em torno de três meses, com o passar dos anos acontecia em trinta dias.

Na casa grande fazia o cerimonial do ritual, praticado durante horas, do período da manhã, tarde e noite, acompanhados de danças e cantos, lá, os meninos escutavam dos mais velhos os mitos da tradição Guarani Kaiowá, que fariam parte de toda a sua vida, participavam dessa festa os pais e toda a comunidade local e vizinha, uma festa com muita interação e reza, acompanhados da chicha, uma bebida tradicional a base de milho branco e outros alimentos da cultura indígena, na festa se comia, dançava, bebia e rezava, simbolizando o bem estar do Guarani Kaiowá.


Fonte: Padre Bartolomeu Meliá, estudioso da cultura Guarani e coordenador da Pastoral Indigenista do CIMI, na região do Alto do Uruguai, Rio Grande do Sul. Jornal O Progresso 1989/Texto Adaptação: Egizele Mariano da Silva Janeiro/2022.




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