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Foto do escritorEgizele Mariano

TERENA E AS PINTURAS CORPORAIS

PINTURAS CORPORAIS:

Os tipos de pintura Terena são variados, com formatos de linhas e figuras geométricas diferentes que podem ser feitos no rosto, braços, pernas, abdômen e costas. Também se pode pintar totalmente o corpo de vermelho e alguns traços de preto, pois cada pintura tem seu significado. A mais importante, por exemplo, é a pintura para ir para uma batalha, para festas, colheita e também quando morre alguém, momento em que ficam de luto.


Uso das Pinturas:

As pinturas corporais são amplamente utilizadas em várias ocasiões, tais como:

Conflitos: sair para um conflito com os invasores de terras indígenas ou fazer algumas reivindicações para a comunidade e aldeias.


Cerimônias indígenas: danças tradicionais Terena, e também nos casamentos e rezas.


Apresentações Culturais: as apresentações são feitas em várias festividades,

apresentações em cidades vizinhas, comemorações ao dia do índio, festa na aldeia;



Significado das Cores:


A COR BRANCA – HOPUITI

De acordo com o relato do ancião, Quintino da aldeia Cachoeirinha, a cor branca provém de todas as casas, depois de se fazer fogo do fogão à lenha, onde a cinza era jogada. Pegava-se a cinza branca, mais clara, para preparar a pintura na cor branca.

O significado desta cor branca é a “nuvem”.

A cinza branca também representa um remédio do povo Terena, sendo muito boa para aliviar combustão na barriga ou prisão de ventre, o nome na língua materna é Irapuixoti. Ao passar essa cinza na barriga, sente se um grande alívio. A cinza branca é um dos recursos utilizados na confecção de grafismo nas cerâmicas Terena, embelezando as.


A COR VERMELHA – HARARAITI/ A cor vermelha é retirada de bem longe, no fundo da terra onde somente o xûluki busca, e todas as vezes que os Terena buscam essa cor é para se pintar, muito usado na pintura corporal. A cor vermelha significa o derramamento de sangue dos indígenas durante exploração da vida alheia, na perseguição e da exploração da sua terra, representando a memória de cada guerreiro e o modo de pensar de tal forma que somente ele sabe o significado nas lembranças da sua vivência. Se ainda há povos em que as lembranças do passado, como a invasão ocorrida em vários momentos da nossa história, desde o descobrimento até o momento na vida, percebe-se que a luta ainda não terminou, e outras estão começando, e outras já encerraram a caminhada, deixando uma valorosa educação e gratidão para os novos herdeiros, que irão aderir à luta também, com esperança e confiança em um futuro melhor.


A COR PRETA – HAHAITI

A cor preta pode ser adquirida de duas maneiras.

A primeira vem da cinza do capim queimado, e a outra do carvão. A primeira e do capim seco ou folhagem de bacuri seca, logo após é queimada para obter a cinza preta, e mistura com água para os guerreiros se pintarem.

A cor preta também é retirada do carvão, onde os guerreiros socam o carvão, depois colocam um pouco de água e misturam com jenipapo, logo após se pintam. A cor preta significa o luto, a perda de grande guerreiro. Na luta, no movimento. O material preto é muito importante, na vida do povo Terena, como afastamento do mal, assombrador das crianças, à noite, mais uma petição do povo Terena. o significado das três cores informa que os dias melhores virão, onde sol nasce sorrindo para a natureza viva, onde quer que esteja no seu habitar, seja humano, ou animais nascendo crescendo vivendo com muita harmonia da vida terrestre.



Pinturas: Extração do Pigmento


A cor da tinta vermelha do urucum significa sangue derramado por guerreiros Terena quando estão em conflitos.

o procedimento de pintura com jenipapo, carvão e urucum permanece o mesmo, assim como o graveto ou pequeno pincel de penas para efetuar os desenhos.


O povo Terena utiliza a planta do Urucum de várias formas como em : pintura corporal, medicina tradicional, alimentação e pintura artesanal.


Extração do Pigmento:


Segundo os entrevistados, o processo de extração do pigmento para pintura corporal é bastante semelhante em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em relação à coleta do urucum, é feita no mês de abril nos dois estados, pois é quando o fruto está bom para ser coletado e já está maduro. As sementes são colhidas entre os meses de maio e junho


Preparação da Tinta:

A tinta é preparada da seguinte maneira: 1º passo:

· coletar o fruto ainda maduro,

· retirar as sementes de dentro das cápsulas,

· colocar dentro de em recipiente todas as sementes que retirar

2º passo:

· Com um pedaço de madeira triturar ou socar as sementes até que se transformem em tinta liquida ou pastosa. Nesse ponto, ela estará pronta para fazer a pintura corporal, pronta para o uso.

· Colocar água e levar para cozinhar até o ponto de fervura,

· Quando estiver com liga e bem vermelha está no ponto

· Retirar do fogo

· Deixar esfriar por um dia, nesse espaço de tempo de repouso, passa do estado líquido para o sólido, ficando em forma de massa,

· Onde são feitas bolas que são enroladas em palhas de buriti seco, garantindo o armazenamento e conservação por cerca de um ano.

O urucum também é importante para proteger a pele contra o sol, ou seja, também é utilizada como protetor solar. Dependendo da ocasião e época, se os pés de urucum estiverem todos com as sementes maduras, você poderá ir diretamente ao pé, pegar uma cápsula madura e fazer as pinturas com as sementes maduras. Conforme a literatura existente sobre o assunto, os pigmentos presentes no urucum geralmente são obtidos por processos mecânicos de raspagem das sementes e atrição ou ainda por extração com solventes.

o urucum é mais forte na pintura corporal masculina nos Terena de Mato Grosso. Com base nestes dados, podemos comparar e ver que são diversas as diferenças na utilização do urucum pelos indígenas da mesma etnia, porém de estados diferentes.


Jenipapo

Fruta utilizada pelo povo terena, do qual se extrai a tinta preta, da fruta ainda verde, serve para pintura corporal , dependendo da pintura, permanece no corpo por aproximadamente quatro dias.


A fruta é colhida quando ainda está verde, sendo em seguida ralada a polpa da fruta, menos o miolo, e misturada com um pouco de água. A massa obtida é colocada em um pano para ser espremida e o caldo acondicionado em uma vasilha que posteriormente será levado ao fogo até o ponto em que começa a formar espumas. Para deixar a tinta ainda mais preta, acrescenta-se o talo do buriti queimado, mexendo com um pedaço de madeira até que torne uma mistura homogênea. Feito isso deve esperar por cerca de um dia para então poder ser usada no corpo das pessoas.

A cor preta também é obtida do carvão retirado do talo do buriti, sendo socado, peneirado e misturado com água, formando um líquido grosso, de tonalidade bem forte, que adere ao corpo com mais facilidade.


Jenipapo

urucum



Postagem e Edição:Egizele Mariano da Silva/Novembro-2022


Fontes:

Gilson Tiago; KIXOVOKU HÔMO TERENOE: Um estudo antropológico sobre o jeito Terena de se pinta, Relatos do trabalho de campo. Trabalho apresentando na 31º Reunião Brasileira de Antropologia realizada entre os dias 09 e 12 dezembro de 2018 Brasília/DF https://www.31rba.abant.org.br/site/capa


Utilização do urucum pelos indígenas Terena do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul: divulgação de saberes tradicional. Marcelo Franco Leão


Pontifíca Unversdade Católica de São Paulo PUC-SP Paulo Baltazar O processo Decisório dos Terena Mestrado em Ciências Sociais São Paulo 2010


IDENTIDADE TERENA: a valorização do passado e o olhar para o futuro – estudo relacional de aldeias Terena em Aquidauana e Anastácio Fátima Cristina Duarte Ferreira Cunha Programa Doutoral em Educação Artística da Universidade do Porto Faculdade de Belas Artes Tese aprovada em 24 de abril de 2018


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