RELATOS DE VIDA de Zenir Valério, Trabalho desenvolvido na disciplina de Língua Terena, pela professora Lidimara Francisco, Escola Tengatuí Marangatu, Zenir foi convidada para relatar aos alunos, sua história de vida, na semana da Mulher,(Kaxena Seno) demonstrando a garra e determinação da mulher indígena Terena.
ZENIR VALÉRIO- Nasceu na Aldeia Bananal, lugar, onde passou a infância com a sua família, seus pais, não tinham uma boa condição de vida, isso, motivou a estudar, para ajudar de alguma forma a sua família;
Aos 13 anos, foi trabalhar na casa de Americanos, em, Tawnay, próximo a aldeia, trabalhava de manhã e no período da tarde estudava.
Quando concluiu o ensino médio, seu patrão, perguntou, se gostaria de continuar seus estudos, entusiasmada, em 1960, foi estudar em Minas Gerais, no Instituto, para ser missionária, permanecendo 4anos por lá, ao terminar o curso em 1964, retornou para a sua aldeia Bananal, em 1965, passou a trabalhar em uma escola juntamente com uma professora, aprendeu muitas coisas, estava motivada, pois, estava decidida que iria trabalhar para sustentar a sua mãe, iria cuida-la , e assim o fez, todo o dinheiro adquirido era repassava para a mãe, fez isso até 1968, ano em que sua mãe adoeceu, naquele tempo, não havia condução, o meio de transporte era apenas o trem, buscaram meios para tratar da saúde de sua mãe, mais não teve jeito, em 1968, sua mãe faleceu, mas Zenir teve que ser forte, buscar forças para seguir em frente, logo não estaria mais só, em 1973 em Tomé, encontrou seu esposo, em 1974, nasceu sua filha primogênita, Noemi, com o passar do tempo, seu esposo ficou doente também, era diabético, as condições na aldeia eram precárias, não havia medicamentos, como há hoje; Zenir e família, foram morar na aldeia dos parentes indígena Kadiwéus, em Bodoquena, seu esposo foi trabalhar como enfermeiro e chefe da Funai, tiveram que retornar para a Aldeia Bananal, pois o esposo estava muito doente, estava com um ferimento na perna, por ser diabético, o ferimento não sarava, quando conseguiram levá-lo para Aquidauana, não foi possível curá-lo, a ferida já havia passado para o joelho, ficou um mês no hospital em Campo Grande, vindo a falecer no dia 27 de Dezembro de 1985; Zenir enfrentou, mais uma perda, de um ente querido, ficou preocupada, em como iria sustentar os filhos, assim, passou a ser pai e mãe ao mesmo tempo, mas, não desistiu, continuou lutando, cuidando carinhosamente dos seus três filhos: Noemi, José e Gisela, os filhos foram crescendo, estudando, quando Zenir começou a fazer o curso do Magistério, pensava que não daria conta, devido a sua idade, mas não desistiu, estudava muito, pois a nota mínima era de 8 a 10, fez 140 módulos, era necessário ir todo os dias para Aquidauana, fazer as provas e para ajudar nas despesas, fazia pão para vender na comunidade, logo não teve mais condição de pagar os estudos dos filhos, lembrou de seu tio Guilherme Felipe Valério, que havia vindo para a Reserva Indígena de Dourados em 1961, assim, entrou em contato com ele, em 1999 sua filha Noemi, veio para Dourados acompanhada pelo tio, logo em 2000, Noemi a convida, para morar junto a ela na Reserva de Dourados, pensando em unir a família novamente, desta forma Zenir passa a residir na Aldeia de Dourados, passando a ter um novo ritmo de vida, atuando nos anos iniciais, como professora, na Escola Tengatuí Marangatu, na Aldeia Jaguapiru, onde ensinou e aprendeu com os alunos, fez novas amizades, conhecendo professores e coordenadores, assim, seguiu trabalhando até seus 70 anos de idade, em 2012, encerrou o trabalho na Educação, como professora, passando a colaborar em palestras, com relatos e histórias do povo Terena, uma anciã Terena, que luta pela preservação da Cultura Indígena Terena.
No dia oito de Março de dois mil e vinte três, Zenir Valério é convidada para palestrar aos alunos do 6º ano, para contar sua história de vida, em homenagem a Kaxena Seno( Semana da Mulher), demonstrando a força da Mulher indígena Terena, que lutou e ainda luta por sua família, por seus ideais, durante a palestra, relembrou que, muitos de seus alunos já casaram, outros estão trabalhando, ao finalizar seu relato de vida, deixou uma mensagem de reflexão aos alunos, disse-lhes “ Ame sua mãe, que os carregou por nove meses, quando chegar em casa, abrace sua mãe, não seja desobediente, ouça ela, as vezes, não queremos ouvir a mamãe, cuide de sua mãe, até que Deus a leve, estude para trabalhar na sombra, obedeça a sua mãe ela conhece a vida, tem histórias, um dia, serão esposos e esposas, sejam uma benção em todo lugar”, um momento muito importante de reflexão de vida, sobre amar e cuidar das pessoas que amamos, Zenir é grata pelo amor de seus filhos e netos, mencionou o carinho e respeito de sua neta Salete, que não a deixa sozinha, sempre está por perto, se preocupando com seu bem estar, uma característica da família Terena, quando os filhos seguem a tradição familiar, buscam, acolher, cuidar, amar, respeitar e ouvir os mais velhos, pois, são pessoas sábias. No final da palestra, como uma mulher religiosa, não deixou de agradecer a Deus pelo privilégio de estar juntamente com os alunos, em agradecimento a Deus orou, intercedendo benção, para a vida de cada aluno e família.
Edição: Egizele Mariano daa Silva, palestras realizada dia 08/03/2023, Postagem :31/03/2023, Relatos de Vida, Zenir Valério, etnia Terena, aldeia Jaguapiru, Dourados-MS, aula de Língua Terena:Kaxena Seno(Semana da Mulher) professora: Lidimara Francisco, Disciplina de Língua Terena.
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